Por Gabriel dos Anjos
Sob supervisão de Érika dos Anjos|

O Banco Central do Brasil editou Resolução Normativa para regulamentar o registro de créditos de carbono e os demais ativos de sustentabilidade pelas instituições financeiras. A medida, válida a partir do dia 1º de janeiro, é mais um desafio para os Profissionais de Administração, em um mundo rumo à sustentabilidade.

Segundo o BC, a resolução busca contribuir para o crescimento no número de operações com instrumentos financeiros ligados a mecanismos de sustentabilidade climática e socioambiental. Além disso, o órgão espera aumentar a transparência com a medida. No entanto, a decisão também possui impacto direto na governança das instituições de todo o Brasil. Para o Adm. Diego Carbonell, coordenador adjunto da Comissão Especial de Sustentabilidade do CRA-RJ, os impactos positivos da medida se resumem em três palavras: Transparência, Padronização e Controle.

“A medida tem como principal objetivo dar visibilidade à utilização desses ativos pelas instituições financeiras. A regulação irá definir critérios de como esses ativos serão reconhecidos e classificados nos balanços dessas instituições, auxiliando na comparabilidade desses ativos. O BC poderá, agora, monitorar os ativos de sustentabilidade que essas instituições mantêm em suas carteiras de investimento, além de acompanhar a evolução do mercado, podendo realizar adequações e adotar medidas, quando necessário”, afirmou.

Em novembro, além da medida tomada pelo Banco Central, os créditos de carbono também foram pautas de debates internacionais, durante a COP-27, que reuniu representantes de diversos países no Egito. Durante a Conferência, foram definidas medidas para guiar países e instituições em medidas de sustentabilidade pelos próximos anos. As medidas influenciam diretamente no dia a dia e nos rumos dos administradores, em quaisquer áreas de atuação, como comenta o Adm. Diego Carbonell. 

“Essa COP reforçou uma clara tendência de que as empresas serão parte fundamental da solução para os problemas tratados na Conferência. O profissional de administração deve estar atento aos debates que lá ocorreram, como impacto climático na questão financeira, mitigação dos gases de efeito estufa e crise energética, por exemplo, para que consiga se posicionar e, mais ainda, estar a frente das discussões e soluções que surgirão a partir dos acordos fechados neste importante evento para as questões de sustentabilidade ambiental”, ressaltou. 

Ambas as medidas vão ao encontro da tendência mundial de avanço rumo à economia sustentável. Pelo caráter multidisciplinar da profissão, os administradores são cada vez mais requisitados e possuem papel fundamental na gestão e planejamento dessa transição, ligando todas as partes envolvidas.

ESG

Nos últimos anos, as empresas de todo o mundo têm alinhado seus valores de gestão com a sigla ESG (abreviação em inglês para “Ambiental, Social e Governança”). Com isso, a demanda por profissionais alinhados a esses princípios aumentou exponencialmente. De acordo com especialistas, o mercado de trabalho ainda carece de profissionais capacitados e um gerente executivo de ESG recebe, em média, R$ 28 mil mensais. Os Profissionais da Administração, juntamente com os engenheiros, são os mais demandados, por seu amplo conhecimento e capacidade de implementação das novas ações de gestão.

Além das ESG, as organizações prezam cada vez mais pela diversidade em seus quadros de funcionários e colaboradores, sobretudo com a entrada de jovens no mercado de trabalho. Cerca de 49% da geração Z e 46% dos millennials disseram que não gostariam de trabalhar para uma empresa que não fizesse esforços nessas áreas.

“É importante, pelo amplo conhecimento obtido na administração, que o administrador consiga envolver os mais diversos entes, desde governo e empresas privadas, até a sociedade civil, fazendo com que as potencialidades dessas partes possam convergir para atuarem em soluções práticas e necessárias para o desenvolvimento sustentável de toda a sociedade, que hoje, claramente, passa por uma economia mais sustentável, ou como tratamos no meio, por um capitalismo de stakeholders¹”, concluiu o Adm. Diego Carbonell. 

Atualmente, várias áreas de trabalho estão em alta com o boom do ESG: Administração de negócios e engenharia; Ambiental; Financeiro; Jurídico; Logística; Marketing e Comunicação; Recursos Humanos e Tecnologia. Todas essas áreas demandam Profissionais de Administração.

Este ano, durante o XIV Encad, o CRA-RJ discutiu a fundo o papel da área na Agenda ESG. Para assistir às palestras, clique aqui.

¹Definição de capitalismo de stakeholders: “Capitalismo de stakeholders – ou, em português, de partes interessadas – é uma forma de capitalismo em que as empresas buscam criar valor a longo prazo, levando em consideração as necessidades de todas as partes interessadas e da sociedade em geral.”