Empresas de entregas internacionais já estão utilizando drones em suas demandas. Isso afeta diretamente um dos campos mais importantes da Ciência da Administração. A Logística. A primeira prestadora de serviços postais a realizar testes dessa modalidade foi a DHL Express, em 2013, com a geração 1.0 do Parcelcopter, versão primária de seus veículos aéreos não tripulados. O objetivo foi atender áreas de difícil acesso.
Em 2014, a tecnologia das máquinas foi ampliada e criado o aeromodelo Parcelcopter 2.0. Finalmente, no primeiro trimestre de 2016, a empresa implantou a terceira geração desses drones, o Parcelcopter 3.0, maior velocidade, estabilidade, autonomia de voo e capacidade de suportar pesos e destinado a atender regiões montanhosas. Em dezembro do mesmo ano, a Amazon fez uma façanha semelhante, realizando sua primeira entrega com drones.
Durante os testes da DHL, foram realizadas 130 postagens, totalmente automatizadas, de materiais esportivos e medicamentos, a uma distância de aproximadamente 8 quilômetros e 1,2 mil metros acima do nível do mar. Entre os desafios, estava o de entender as oscilações climáticas das regiões alpinas da Comunidade de Bavária, Alemanha.
Essa tecnologia ainda não é utilizada para este fim, aqui no Brasil, mas é uma realidade da qual não se pode fugir. Assim, o Administrador precisa estar atento para não ficar obsoleto, conforme explica o Adm. Hélio Meirim, coordenados da Comissão Especial de Logística do CRA-RJ, em uma entrevista exclusiva.
CRA-RJ: Há quanto tempo se utiliza drones, em geral, e quando a Logística começou a implementá-lo em seus processos?
Adm. Hélio Meirim: Grande parte das pesquisas sobre o assunto, destacam que o uso de drones teve seu início na área militar (décadas de 50 e 60).
Entretanto, temos visto alguns testes no uso de drones para fins não militares. Dentre estes testes, temos notícias da DHL que vem pesquisando como usar drones para entregas urgentes de remédios, empresas que usam drones para sobrevoar suas plantações e, através de filmagens, verificam se as mudas foram plantadas conforme o planejado.
Uma das empresas que vem mais investindo nesta área é Amazon, com um serviço batizado de Prime Air Amazon (carteiro voador). Este serviço tem como objetivo realizar a entrega produtos com até 2,2 Kg. A Amazon divulgou ter feito a primeira entrega com Drone, no dia 7 de dezembro de 2016, quando um pacote com um controle remoto Amazon Fire TV e um saco de pipoca foram embarcados no centro de distribuição na cidade de Cambridge, no Reino Unido, e foram entregues na casa de um dos dois clientes que está participando dos testes para o modelo de entrega. Segundo publicou no Twitter Jeff Bezos, executivo da empresa, o tempo entre o pedido e a entrega foi de apenas 13 minutos.
CRA-RJ: Como o uso de drones afeta a realidade das empresas de serviços de entrega?
Adm. Hélio Meirim: Poderemos ter uma grande revolução nos serviços de entrega, pois o uso de drones criará uma nova alternativa, que complementará as alternativas já disponíveis.
Entretanto, entendo que esta ‘nova realidade de entrega’ demandará algumas ações como:
- Regulamentação: Será preciso que as empresas embarcadoras, empresas de entrega, órgãos governamentais e clientes reflitam e aprimorem medidas que possibilitem a regulamentação, principalmente nos aspectos relacionados à segurança (do voo, das pessoas que transitam nos locais onde estes equipamentos operam, dos produtos transportados e do próprio equipamento).
- Revisão de processos: As empresas precisarão rever seus processos de entrega, visando identificar e selecionar em que casos este tipo de entrega será viável, técnica e economicamente.
- Investimento em tecnologia: Empresas precisarão investir tanto nos equipamentos (drones), como no monitoramento destes equipamentos e das entregas realizadas por estes, bem como em tecnologias relacionadas aos aspectos meteorológicos (condições para o voo dos drones);
- Capacitação pessoas: Será necessário desenvolver outras habilidades e competências da equipe que estará utilizando esta nova tecnologia.
CRA-RJ: Quais os principais benefícios desse tipo de serviço para a empresa de entrega e para os clientes?
Adm. Hélio Meirim: A agilidade na entrega do item é um dos principais benefícios, haja visto que este tipo de veículo “ainda” não enfrenta os congestionamentos, podendo assim se deslocar até o seu destino de uma forma mais rápida.
Outro benefício é a possibilidade de entregar itens em pontos de difícil acesso para outros veículos.
CRA-RJ: Em que circunstâncias e locais pode-se utilizar esse tipo de entrega? Por quê?
Adm. Hélio Meirim: Devido as características (autonomia, custo, características de peso e dimensão) os drones deverão ser usados para entregas “especiais”, que demandam agilidade, ou precisam chegar a locais de difícil acesso.
CRA-RJ: Como o Administrador deve se preparar para esta nova realidade? A adaptação pode ser difícil ou fácil?
Adm. Hélio Meirim: O Administrador deve estar atento aos desafios e oportunidades proporcionadas por esta tecnologia. Buscar se manter informado sobre o uso de drones, acompanhar as experiências que estão sendo realizadas (casos de sucesso e insucesso) no Brasil e no Exterior, estar atento as questões de regulamentação, assistir vídeos demonstrando como estas operações estão sendo realizadas e, se possível, acompanhar uma operação inloco, são ações que nos auxiliarão em nossa preparação.
Percebo que com relação aos aspectos tecnológicos, os Administradores, devido a sua formação, se adaptam de forma bem rápida.
CRA-RJ: As empresas brasileiras estão preparadas para prestar esse tipo de serviço logístico? Por quê?
Adm. Hélio Meirim: Já temos alguns segmentos que estão mais avançados, como por exemplo o uso de drones para filmagens.
Entretanto, em termos de entregas de produtos, percebo que ainda temos um bom caminho a percorrer, para fazer o melhor uso deste tipo de tecnologia. Além das questões de regulamentação, temos as questões relacionadas infraestrutura, cultura e segurança que precisarão ser aprimoradas. Mas, com a ampliação e aprimoramento do uso de drones para entregas em outros locais do mundo, esta tecnologia naturalmente será incorporada (de forma gradativa) por algumas empresas brasileiras.
CRA-RJ: O senhor acredita que empresas comuns podem começar a investir nesse tipo de ‘transporte alternativo’ para atender suas demandas particulares?
Adm. Hélio Meirim: Vejo que neste primeiro momento, este tipo de tecnologia, será usada por empresas que procuram ofertar produtos/serviços especiais, que sejam diferenciados e agreguem valor aos seus clientes.
CRA-RJ: Gostaria de acrescentar algo a mais?
Adm. Hélio Meirim: Gostaria de ressaltar que, mesmo sendo uma tecnologia inovadora, sedutora e que, pode proporcionar vários benefícios, a implementação de uma nova tecnologia deve ser bem avaliada no que se refere ao valor que ela agrega ao negócio (custo x benefício).