Dos cerca de 50 mil registros profissionais no Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro, que representam as pessoas legalmente habilitadas ao exercício da Ciência da Administração, 41,2% são de Administradoras e Tecnólogas. O número é relativamente alto se comparado aos lentos avanços da inclusão feminina em outras áreas, mas ainda há muito a ser conquistado.
Para a Adm. Elizabeth da Costa Bastos, vice-presidente de registro profissional do CRA-RJ, este dado é significativo, mas ainda existem muitos tabus que precisam ser quebrados e um longo caminho a ser percorrido para que se alcance uma igualdade real entre os gêneros, principalmente quando se trata de ocupação de cargos executivos de liderança. Ela cita a pesquisa da International Business Report (IBR) – Women in Business, realizada em 36 países, no período de 2015 a 2017, que aponta um aumento de apenas 5% a 11% do número de mulheres em cargos de chefia.
A Administradora destaca que ‘ocupar um cargo de gerência é um desafio, pois as mulheres que exercem funções de grande responsabilidade ainda são vítimas do preconceito’.
“Para uma alteração neste cenário, eu vejo a necessidade de estudar e debater uma mudança cultural. As competências para uma liderança eficiente transcendem as questões de gênero. E a ascensão da mulher no mercado de trabalho requer, além dos investimentos em informação, a própria conscientização de que não é preciso assumir um modelo único de gestão, que há algumas décadas era visto como masculino”, afirma.
Na luta por igualdade, O CRA-RJ desenvolve diversas ações que destacam a atuação feminina dentro e fora das organizações. Uma das mais notórias é a instituição da Comissão Especial da Mulher Administradora, cujo objetivo é desenvolver atividades de interesse da mulher, para sua inserção e atuação no ambiente empresarial e destaque na sociedade.
A Adm. Graça Neves, consultora no Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), chama a atenção também para o protagonismo feminino nas transformações necessárias.
“As mulheres precisam se preparar para trabalhar em áreas da Administração que têm sido predominantemente masculinas, e não ficar somente naquelas que são caracterizadas como de ‘cuidado’, para não reproduzir o modelo familiar que ela já faz na sociedade”, ressalta Neves.
Para ela, ‘as mulheres devem ousar mais para melhorar a competição e a questão da empregabilidade feminina no ambiente corporativo’.