Por Érika dos Anjos

A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu que o esgotamento profissional, mais conhecido como Síndrome de Burnout, deverá constar da Classificação Internacional de Doenças a partir de 1º de janeiro de 2022, quando a nova versão da lista entrará em vigor. A Síndrome foi incluída no capítulo de “problemas associados” ao emprego ou ao desemprego e recebeu o código QD85.

De acordo com a definição do Ministério da Saúde, “a Síndrome de Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho que são emocionalmente exigentes e/ou estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade”. E o tema já é tratado há bastante tempo pelo Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro em palestras, entrevistas e até mesmo dicas bibliográficas.

O Adm. Wagner Siqueira, conselheiro federal pelo Rio de Janeiro e diretor-geral da Universidade Corporativa do Administrador (UCAdm), destaca no artigo ‘Tudo é permitido, mas nem sempre me convém’, que a síndrome de esgotamento profissional atinge dolorosamente a todos os que se submetem nas organizações à tirania da urgência, aos contextos organizacionais cada vez mais estressantes.

“O burnout se torna crescentemente uma verdadeira epidemia no mundo das organizações e no seio da sociedade em geral. A síndrome de pânico, tão comum nos centros urbanos tão violentos, é apenas uma de suas variantes globalizadas mais conhecidas. Nunca se propalou tanto a essencialidade do homem no trabalho, a nova concepção de gestão de pessoas, os empregados como colaboradores, mas, na realidade, as pessoas não estão mais tanto em consideração. O mundo e a natureza do trabalho se transformam e se desumanizam sob a égide da “profissionalização” e da necessidade obsessiva do “cumprimento de metas”, salientou o Administrador, que ainda fala sobre o assunto no texto ‘Suicídio e pressões psicológicas no trabalho também precisam ser discutidos’, onde também destaca as neuroses do trabalho moderno.

Siqueira ainda elaborou uma lista de livros, disponíveis na Biblioteca Virtual do CRA-RJ, sobre o assunto:

Orange Stresse‘, de Ivan Roy , editions Decouverte (trata dos suicídios na France Telecom);

A Loucura do Trabalho’, Christophe Dejours, Cortez editora;

‘Travailler pour etre heureux’, Christian Baudelot, editora Fayard;

Suícidio e trabalho, o que fazer?’, Christophe Dejours e Florence Begue, editora Paralelo 15;

A Neurose de Classe’, Vincent de Gaulejac, Via Lelettera editora;

Travail Vivant’, de Christophe Dejours , editora Petite Biblioteque Payot.

 

Entrevistas

Durante a entrevista ‘RH em Saúde: Como cuidar de quem cuida’, a Adm. Cristina Mattos Costa afirmou que a visão de negócios, metas e resultados está presente em todas as áreas e instituições e que é preciso se prevenir.

“Hoje as pessoas estão muito estressadas. E uma das principais ações é olhar pela saúde mental dos colaboradores dentro das instituições, oferecer um ambiente mais propício de trabalho e até mesmo de ‘escuta’ desses profissionais”, salientou a entrevistada, descrevendo ainda que esta também é um função do gestor.

A Adm. Neide Venâncio, que também é psicóloga, e a empresária Patrícia Fanteza, voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV), falaram sobre a prevenção ao suicídio relacionado às pressões da vida profissional, em uma entrevista exclusiva à CRA-RJ Play. Venâncio explicou que dentro das organizações, assédio moral e sexual, pressão por resultados, medo de exposições pessoais e risco de demissão são algumas das questões que podem levar o profissional a desistir da carreira e da vida.

“O que eu recomendo sempre para as pessoas que sofrem esse tipo de coisa é que elas devem se resguardar, anotar tudo, ficar sempre com outra pessoa do lado, quando sentir esse assédio, e denunciar. A grande dificuldade é o medo, porque a pessoa precisa do emprego. Então, tem medo de se expor e ser demitida”, esclareceu a entrevistada.

 

Cursos UCAdm

Para auxiliar o profissional e o estudante de Administração nos desafios que o esgotamento pode instaurar em suas carreiras, a UCAdm também dispõe de cursos que visam melhorar o desenvolvimento pessoal de cada um e sua relação com o trabalho, como: ‘Qualidade de vida no trabalho’, que tem como finalidade propiciar informações sobre técnicas simples e eficazes para melhorar a qualidade de vida no trabalho, de maneira que os funcionários se sintam motivados e felizes, trazendo, assim, melhores resultados para a empresa; ‘Motivação – Um aumento de produtividade’, que busca  tratar a desmotivação melhorando as perspectivas, incrementando a atividade e tornando a chefia mais amigável, conhecendo os conceitos básicos da motivação humana e assim tirando o máximo proveito deles; e ‘Aprenda a Administrar seu tempo’, que mostra como fazer um bom uso de seu tempo, ajudando a identificar as prioridades em seu trabalho e na vida pessoal oferecendo sugestões de como aproveitar melhor cada segundo do dia.