Por Josué Amador |
A gestão qualificada em Serviços de Saúde faz toda a diferença em momentos como os atuais, onde o Coronavírus tem causado mortes, afetado a economia, a política internacional e deixado a população com certo pânico. Neste cenário, além de outros agentes também importantes, o profissional da Administração se destaca por viabilizar a execução dos processos na busca pela solução da demanda. A gestão pública aplicada de forma consciente e transparente também faz toda a diferença nos resultados desejados.
O Adm. Wagner Siqueira, conselheiro federal pelo Rio de Janeiro, e a Adm. Fátima Ribeiro, coordenadora da Comissão Especial de Administração em Serviço de Saúde do CRA-RJ, falaram sobre a crise instalada na China sob o aspecto político e administrativo. Eles também apontaram qual a visão profissional a categoria pode ter e como deve se comportar em momentos com este.
Siqueira considerou boa a transparência no Governo chinês na gestão da crise do Coronavírus, diferente da época do Sars (sigla em inglês) que, entre 2002 e 2003, matou cerca de 900 pessoas em todo o mundo, e tudo foi tratado às escuras. Ele explicou que naquele momento, a China ainda vivia uma política muito totalitária e uma relação político-econômica fechada com o resto do mundo. A abertura de mercado teria sido um salto para melhoria nas relações internacionais em amplos aspectos.
“Uma crise de saúde com uma solução política, mas fundamentalmente também de gestão. Não é fácil fechar uma cidade completamente, como Wuhan, com cerca 11 milhões de habitantes, construir um hospital em 10 dias, nem outro hospital com capacidade tripla em 12 dias e, mais do que isso, manter um sistema de transparência, como o que o Governo da China adotou”, disse.
Com tanto alarme em torno desse problema, Siqueira chamou a atenção para problemas maiores, com os quais o Brasil precisa lidar em relação à saúde e, atualmente, representam mais perigo aos brasileiros do que o Coronavírus. Para ele, não faz sentido o país ter capacidade de ajudar a combater à epidemia que se iniciou na China, enquanto há pessoas morrendo de dengue, por exemplo.
“O Brasil é um país esquizofrênico. Por um lado, temos alto grau de desenvolvimento na área de gestão de saúde, como os três institutos que estão ajudando no caso do Coronavírus, no Rio de Janeiro, São Paulo e Pará. Eles são de primeiro mundo, não tenho dúvidas, por isso a OMS, Organização Mundial da Saúde, apresenta o Brasil como modelo a ser seguido e capacitado para ajudar os países latino-americanos nessa crise. Mas, por outro lado, continuamos morrendo de bicho-de-pé e a dengue mata muito mais do que o Coronavírus. Não há nenhum morto por esse vírus aqui, mas as pessoas morrem todos os dias de dengue e Chikungunya”, destacou.
Para a Adm. Fátima Ribeiro, o profissional da Administração em Serviços de Saúde deve estar preparado não só para gerir crises como essa que assola a China, ‘mas também as diversas situações de emergência na saúde’.
“Esses profissionais, no sentido de atuar com eficiência, devem seguir os protocolos de prevenção com utilização de EPIs adequados, atuar de acordo com as metas internacionais de segurança do paciente, fazendo valer as diretrizes preconizadas – como por exemplo, a meta 05 de higienização das mãos, manter a infraestrutura hospitalar de forma a garantir a cumprimento dos protocolos clínicos de classificação de risco, em uma perspectiva interdisciplinar e multiprofissional”, disse.
Ribeiro explica que, entre outras questões, é preciso avaliar as informações com cautela para tomada de decisões estratégicas, com revisões orçamentárias, planejamento e adequação das cadeias de suprimentos, comunicação com todas as equipes internas – para fluidez das atividades, e com público externo – para agir com transparência e evitar pânico, além viabilizar cuidados com saúde física e psicológica dos profissionais envolvidos em todos os processos.
“Suas habilidades devem estar pautadas no profissionalismo, na segurança para as tomadas de decisões, no conhecimento técnico da área, na visão sistêmica dos processos hospitalares, observando a Unidade de Saúde como um sistema aberto, onde estão envolvidos diversos profissionais, na capacitação de pessoas para essas ocasiões especificas, manter o controle emocional, evitando desgastes, fortalecendo a equipe e protegendo a imagem institucional”, ponderou a Administradora.
Ribeiro ainda disse ser importante destacar que existem programas de acreditação hospitalar que prevê como um requisito que a unidade candidata à acreditação deve ter um plano de contingência prevendo catástrofes e problemas como o apresentado na China. É uma forma de adequação e um padrão a ser seguido pelos gestores das unidades de saúde.