Diante da situação pela qual o mundo passa, envolvendo crise na saúde, na economia, nas relações político-sociais, colapso de empresas públicas e privadas, a gestão de projetos se apresenta como um segmento da Administração de grande relevância na busca por soluções equilibradas. Em entrevista exclusiva, o coordenador da Comissão Especial de Gestão de Gestão de Portfólios, Programas e Projetos, Adm. Raphael Albergarias, teceu algumas considerações sobre como esta ciência pode contribuir para o bem de toda a sociedade.
Para ele não há uma resposta pronta para o tipo de ação que deve ser tomada pelos Governos e gestores, pois esta crise é algo completamente novo. Então, o primeiro passo é busca entender os movimentos gerados por esta atribulação e, a partir de então, definir quais os melhores caminhos para se seguir com menos prejuízos.
“Se é um projeto de engenharia, por exemplo, precisa ser muito bem condicionado e verificar os equipamentos envolvidos; se for um projeto de tecnologia da informação, é preciso garantir que quem estava envolvido, fazendo o desenvolvimento, continue na empresa, tenha uma equipe que consiga manter a gestão do conhecimento. Enfim, a chave para essa pergunta vai depender muito do nível de maturidade da gestão do conhecimento da organização mesmo”, explicou.
Perguntado sobre os maiores desafios enfrentados pelos gestores de projetos, nesse momento, Albergarias destaca a gestão de equipes a distância, e com a pressão de pandemia, busca por resultados, em tempos de recessão econômica entre outras questões.
“O mais importante aqui é saber fazer uma gestão de time a distância, com confiança construída entre os membros da equipe, conseguindo quebrar em pequenas entregas, atuando com metodologias ágeis, como por exemplo a Scrum, com entregas diárias e cadentes, além de reuniões de pelo menos 15 minutos, para manter a sanidade e a integridade do pensamento sistêmico do grupo, já que quando você perde a interação social, naturalmente há uma queda de performance bastante bruta”, destacou o Administrador.
Albergarias ainda falou ações de Governos que podem dar certo e sobre planejamentos globais para mitigação dos efeitos da crise. As respostas completas podem ser conferidas logo abaixo.
CRA-RJ: Em momentos de crise como o atual, quais caminhos devem ser tomados para não perder projetos que precisaram ser interditados?
Adm. Raphael Albergarias: Não existe uma resposta pronta para isso, mas o caminho começa por entender qual o seu tipo de projeto. Se é um projeto de engenharia, por exemplo, precisa ser muito bem condicionado e os equipamentos envolvidos; se for um projeto de tecnologia da informação, é preciso garantir que quem estava envolvido, fazendo o desenvolvimento continue na empresa, tenha uma equipe que consiga manter a gestão do conhecimento. Enfim, a chave para essa pergunta vai depender muito do nível de maturidade da gestão do conhecimento da organização mesmo.
CRA-RJ: Quais modelos de projetos são mais vulneráveis à quarentena e isolamento social compulsório global?
Adm. Raphael Albergarias: Influencia toda a natureza de projetos. É claro que projetos ligados à prestação de serviços ou que tenha algum tipo de interação com o público perderam mais força. Já projetos focados em digitalização e tecnologia da informação ganharam espaço dentro dessa Revolução Industrial 4.0. Então, os projetos ligados à áreas que são replicáveis em ambiente virtual ganham mais lugar.
CRA-RJ: Quais desafios são os principais em crises como esta? Quais são as alternativas?
Adm. Raphael Albergarias: O mais importante aqui é saber fazer uma gestão de time a distância, com confiança construída entre os membros da equipe, conseguindo quebrar em pequenas entregas, atuando com metodologias ágeis, como por exemplo a Scrum, com entregas diárias e cadentes, além de reuniões com o time, de pelo menos 15 minutos, para manter a sanidade e a integridade do pensamento sistêmico da equipe, já que quando você perde a interação social, naturalmente há uma queda de performance bastante bruta.
CRA-RJ: Em quais tipos de projetos os Governos devem investir para a mitigação dos efeitos da crise?
Adm. Raphael Albergarias: Esse é um ponto que já vem sendo bastante discutido, uma espécie de Plano Marshall para nova era. Ou seja, projetos de infraestrutura, de estrutura massiva; investimentos na área de startups, fintechs e de desenvolvimento de tecnologia da informação também são uma alternativa à visão tradicional de apenas investimento em infraestutura. São necessários projetos que façam a integração de cadeias de valor e que diminua a distância das pessoa e aumente a efetividade da produção, principalmente no que tange à prestação de serviços que integrem essa cadeia.
CRA-RJ: Como as experiências internacionais em gestão de projetos podem se unir para uma solução do problema atual e do problema do pós-crise?
Adm. Raphael Albergarias: Participei da criação de uma iniciativa, com cerca de 60 países envolvidos, chamada PMO Ranking Covid-19, que buscava soluções para empresas. Com isso, acredito que as experiências internacionais podem ser muito trabalhadas nesse momento para que possamos encontrar soluções em diferentes perspectivas e pontos de vista, mas que são comuns a todos, como queda de performance, queda de produtividade, encontro de soluções escaláveis e caminhos nesse segmento.