As redes de atendimento à saúde, em todo o mundo, não estavam preparadas para a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), nem para a sua alta letalidade em pessoas mais vulneráveis, classificas no grupo de risco: idosos, diabéticos, hipertensos, além de quem tem insuficiência renal ou doença respiratória crônica. Tanto é que, na China, foi necessário construir novos hospitais em poucos dias; já na Itália, o número de mortes pelo Covid-19 só aumenta.
Já são mais de 7 mil óbitos no mundo e cerca de 180 mil infectados, segundo matéria publicada no jornal O Globo desta terça-feira (17), com informações da agência de Notícias AFP. O Brasil está com 234 casos confirmados do novo coronavírus, até o momento, e o profissional da Administração em Serviços de Saúde precisa estar atento e preparado para dar o suporte necessário, no que diz respeito à Gestão profissional.
Para a coordenadora da Comissão Especial de Administração em Serviços de Saúde, Adm. Fátima Ribeiro, além das técnicas de Administração fundamentais em tempos de crises, é preciso garantir que todos os envolvidos nos processos de atenção à saúde tenham acesso à informação segura e de qualidade sobre a aplicação de protocolos nacionais e internacionais necessários, como por exemplo o da meta 5.
Ribeiro também destaca o cuidado que se deve ter com os profissionais da saúde, nesse contexto, e elencou algumas ações diretas e assertivas para o bom atendimento a eles. Assim, poderão cuidar melhor dos pacientes infectados ou com suspeita de infecção.
“Promover a capacitação permanente é um fator prioritário, preparando o profissional para que possa desenvolver as suas atribuições, com apoio psicológico, com o propósito de cuidar bem de quem cuida. Disponibilizar Equipamentos de Proteção Individual – EPI pensando na preservação dos profissionais de saúde, que estão na ponta, de forma a garantir a segurança para o profissional e para o paciente. Garantir os insumos necessários para o correto e devido atendimento”, disse Ribeiro.
Abaixo, você confere na íntegra a visão da coordenadora da Comissão Especial de Administração em Serviços de Saúde sobre atuação de profissionais da Gestão em Saúde.
CRA-RJ – Uma vez declarada a pandemia, qual o posicionamento do profissional da Administração em serviços de Saúde, em relação aos protocolos?
Adm. Fátima Ribeiro – Garantir o cumprimento dos protocolos clínicos de classificação de risco, em uma perspectiva interdisciplinar e multiprofissional. Atuar com os protocolos de segurança do paciente, principalmente as metas internacionais como já bastante estimulada pelas autoridades como a higienização correta das mãos (meta 5). Focar na educação da população no que tange a etiqueta respiratória evitando a propagação do vírus.
CRA-RJ – Quais caminhos devem ser tomados para que todos os setores e equipes atuem de forma eficiente?
Adm. Fátima Ribeiro – Disseminar a informação bem fundamentada, clara, segura e objetiva é o melhor caminho. Manter a atenção com os profissionais que cuidam do ambiente de saúde, principalmente nesta situação específica que estamos vivenciando. Fortalecer a Comunicação precisa, em se tratando de equipes multi e interdisciplinares, como fator determinante para a eficácia das ações perante a assistência.
CRA-RJ – Como atuar para garantir atenção aos profissionais de saúde envolvidos na contenção do Covid-19 e cuidados com outros pacientes?
Adm. Fátima Ribeiro – Promover a capacitação permanente é um fator prioritário preparando o profissional para que possa desenvolver as suas atribuições, com apoio psicológico, com o propósito de cuidar bem de quem cuida. Disponibilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPI), pensando na proteção dos profissionais de saúde, que estão na ponta, de forma a garantir a segurança do cuidado para o profissional e para o paciente. Garantir os insumos necessários para o correto e devido atendimento.
CRA-RJ – Quais são as principais diferenças entre Administração em Serviços de Saúde na Rede Pública e na Rede Privada, nesse cenário?
Adm. Fátima Ribeiro – A diferença está na gestão dos recursos e na capacitação técnica. Na rede privada, os recursos têm mais rigor no controle e há profissionais qualificados em gestão, enquanto que na rede pública a gestão desses recursos passa por uma necessidade de capacitação. Observa-se que os atuais gestores na rede pública na maioria das vezes são indicados não pela sua formação técnica em Administração. Profissionalização X burocratização!
CRA-RJ – O Brasil está preparado para uma situação como está na Itália? Por quê?
Adm. Fátima Ribeiro – Nenhum Sistema de Saúde do mundo está preparado para uma situação tão grave. A pandemia nivelou os países. O problema é sanitário. As autoridades brasileiras estão atuando de forma preventiva, com base nas ações tardias ou não, dos Países já acometidos pela pandemia. A parceria com a rede privada de acordo com a universalidade, um dos princípios do SUS, é uma das medidas adotadas no Brasil para garantia de maior oferta de leitos, já estimando o aumento do número de casos.
Na realidade o problema não se reduz apenas ao aumento do número de leitos (entendendo que leito não é apenas cama), mas também a quantidade de equipamentos, disponibilidade de insumos e aumento do número de profissionais de saúde qualificados. Este será um dos grandes desafios!
É importante enfatizar que a conscientização da população também é importante neste momento de Responsabilidade Social.