O seminário “Administração, Saúde e Sustentabilidade”, promovido pela Comissão Especial de Administração em Serviços de Saúde do CRA-RJ, reuniu dezenas de profissionais e estudantes em torno do tema central “Experiências Nacionais e Internacionais de organizações de saúde com a sustentabilidade”. O evento aconteceu no auditório Adm. Gilda Nunes, na sede do Conselho, na Tijuca, em parceria com a Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (Aherj) e a Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

O Adm. Leonardo Fuerth, superintendente do CRA-RJ, e o Prof. João Beck, representante da Aherj, fizeram a abertura do seminário e destacaram a representatividade do evento para melhoria nas práticas hospitalares de responsabilidade social.

Os primeiros palestrantes foram o desembargador Jessé Torres e o professor Haroldo Mattos de Lemos, que ficaram responsáveis pelo tema “Os Desafios da Sustentabilidade no Contexto Brasileiro e Internacional”.

Entre outras coisas, Torres explicou que o custo de equipamentos sustentáveis é elevado, em um primeiro momento, mas o investimento a médio e longo prazo é melhor do que a aquisição de materiais mais baratos, porém insustentáveis.

“Quando você produz serviços, obras e produtos que correspondam aos critérios da sustentabilidade, há benefícios sociais, econômicos e ambientais. Tudo ao mesmo tempo. Mas a sua cabeça precisa estar pronta para receber, interpretar, aceitar e fazer assim, porque isso vai ser importante para a vida das pessoas”, explicou o desembargador.

Já Mattos de Lemos trabalhou os impactos da ação humana na Terra. Ele também criticou a quantidade metas para o desenvolvimento sustentável, apresentado pela Organização das Nações Unidas. Um total de 17 objetivos, diluídos em 169 metas, a serem cumpridos até 2030.

“Na minha opinião, nós poderíamos ter quatro objetivos fortes: reduzir a pobreza, em determinada porcentagem, acabar com a fome no mundo, realizar saneamento básico total e universalizar a educação primária. Essas quatro coisas já fariam um bem enorme à humanidade e ainda seria mais fácil de a população cobrar dos governos”, argumentou o palestrante.

Na segunda parte do evento, o gestor hospitalar Vital de Oliveira Ribeiro Filho falou sobre “A Sustentabilidade na Rede de Hospitais Saudáveis”. Ele destacou o alto investimento na saúde, que exige melhor gestão de gastos e impactos no meio ambiente.

“É impressionante a quantidade de resíduos que é gerada dentro dos hospitais. Lá não há uma linha de produção física de bens como em um fábrica, por exemplo, o que se produz é serviço. Mas o que acontece é que estaciona um caminhão a cada meia hora, descarrega um monte de material. Esse material vira resíduo direto, porque é usado e descartado. Daí vem a importância estratégica do setor de suprimentos na gestão ambiental”, esclareceu Ribeiro.

Já Emanuele Nasser apresentou a palestra “Organizações de Saúde: Ecologia Humana, Qualidade e Gestão”, onde defende a otimização dos recursos hospitalares, evitando o uso desenfreado e irresponsável de materiais e mão de obra.

“O modelo brasileiro de saúde é ‘hospitalocêntrico’. Assim, 70% do custo de uma operadora de saúde é com internação hospitalar. Mas será que todo mundo precisa da internação? Não seria melhor trabalhar a visão de qualidade de vida, sustentabilidade e a promoção da prevenção?”, argumentou a palestrante.

Todos os eventos do CRA-RJ ficam disponíveis na Rádio e na TV do Conselho.