Membros das Comissões Especiais do CRA-RJ de Finanças, Recursos Humanos e Estudos sobre Empresa Júnior, além de outras instituições parceiras, estão colaborando com a Administração da Casa Ronald McDonald, na Tijuca. Entre as atividades desenvolvidas estão a elaboração de projetos de gestão de pessoas e finanças, reformulação da imagem da Instituição junto à sociedade, entre outras.

A iniciativa se deu a partir de uma visita feita pelo coordenador da Comissão de Finanças do CRA-RJ, Adm. Carlos Roberto Fernandes de Araujo, à Casa. Observando a necessidade de aprimoramento da gestão em geral, ele convidou empresários juniores para aplicarem as técnicas de Administração nos processos gerenciais a fim de sanar algumas situações, por um determinado tempo. No entanto, Araujo percebeu que havia, na verdade, a urgência de um choque de gestão na instituição e que houvesse continuidade das práticas de excelência nos processos.

“As pessoas daqui trabalham com muito amor e toda a gestão é muito séria. Não tenho nenhuma preocupação com os recursos doados para a Casa, porque podemos ter certeza de que esses recursos são muito bem aplicados. O que acontece é que esta é a Casa que o amor construiu, mas o amor também precisa de controle, coordenação, planejamento, porque só com amor, a gente não chega a um resultado final satisfatório. Então, foi isso que nós percebemos desde o início”, declarou o coordenador.

Entre outras questões, a presidente da Casa Ronald McDonald, Sonia Cardoso Novais Neves, destaca o crescimento pessoal dos voluntários e funcionários envolvidos no projeto.

“Eu só tenho que agradecer a esta equipe por esse trabalho fantástico, que mexeu em todos os cantinhos e que está profissionalizando as pessoas. […]. Eu até comentei que esse trabalho está sendo importante também porque todos estão se conhecendo e vendo que podem melhorar e trazer mais coisas positivas em todos os sentidos”, salientou Sonia Neves.

Já Sérgio Carvalho dos Santos, gerente-geral da Casa, destaca o engajamento da sociedade em um tempo de crise no país.

“A gestão tem sempre um desafio contínuo que é a sua sobrevivência e, pelo tipo de trabalho que a gente faz, a demanda em um país que está em crise é crescente. Vivemos na contramão de uma análise de investimento, porque quando todo mundo está em resseção, a busca é por poupar os recursos e, no nosso caso, é o momento em que a gente precisa investir mais. E este é um grande desafio, por isso, precisamos dessa ajuda gerencial, já que não é uma lógica convencional de análise para fazer esses investimentos”, disse Santos.

Alguns dados sobre os serviços prestados em 2017 mostram que a alta demanda exigia, de fato, a intervenção na gestão para a manutenção da qualidade no atendimento. Por exemplo, mais de 35 mil hospedagens,188 mil refeições servida e 13 mil traslados somente naquele ano.

 

Etapas da implantação das práticas de gestão

O primeiro passo foi organizar a gestão financeira da Instituição. Para tanto, foram convidados os membros da Comissão de Finanças do CRA-RJ Adm. Raphael Albergarias, Adm. Samuel Barros e a Adm. Fabiana Camara, que ficou responsável pelo Marketing da Casa, além do conselheiro estratégico da Associação Internacional de Gestão de Projetos (IPMA – sigla em inglês) Luiz Rocha, que explicou o porquê de a IPMA – Brasil decidir contribuir com a área social.

“Existem 10 milhões de organizações sociais ao redor do mundo e no Brasil são cerca de 800 mil instituições. Se juntarmos todas essas instituições elas seriam a 5º economia do mundo, o que dá uma ideia do volume de recursos envolvidos. […]. Uma entidade social começa ao redor de um propósito e as pessoas tomam uma série de iniciativas […] e, na medida que este propósito e esta organização crescem, em algum momento, a necessidade da gestão aparecesse. Então, é por isso que a IPMA Brasil desenvolveu esse programa de excelência em gestão”, explicou Luiz Rocha.

Logo depois, Fernandes de Araujo ainda convidou as Administradoras Neide Venâncio, Rosangela Arruda, Cristina Matos e Ana Carvalho, membros da Comissão Especial de RH do CRA-RJ, que ficaram responsáveis pelo trabalho de coach, gestão das tarefas de funcionários e voluntários, resiliência e outras atividades específicas dessa área.

“Nós começamos esse trabalho avaliando a área de Recursos Humanos, vendo as necessidades e percebemos o seguinte: antes de mais nada, a gente precisa capacitar as lideranças para que estejam fortes em termos de gestão para liderar as suas equipes da melhor maneira possível, daí começamos o trabalho do coach. Outra coisa que as empresas erram muito é em não preparar um ambiente para fazer um trabalho, a gente não pode simplesmente sair mexendo no que está feito. É importante mudar? Sim. Mas cultura não se muda de uma hora para outra. Daí entramos com a resiliência e algumas oficinas para que as pessoas ficassem preparadas para as transformações”, explica a Adm. Cristina Matos, coordenadora da comissão.

O Adm. Carlos Roberto Fernandes de Araujo ainda conta que à medida em que as técnicas de Administração foram aplicadas, mais voluntários se engajaram na causa, mas foi percebida uma certa dificuldade no andamento dos processos, com questões como duplicidade e tempo de entrega, por exemplo. Naquele momento foi a vez de convidar o Adm. Antonio Andrade, especialista em gestão de processos.

“Na recondução dos processos, dois estudos básicos foram solicitados. O primeiro no sentido de avaliar o esforço de trabalho da Casa e verificar se a distribuição de trabalho era oportuna e se o esforço de trabalho era condizente com o que estava sendo desenvolvido, em termos do volume de trabalho que a Casa tinha. O segundo foi o encurtamento do processo especificamente de balancete, que naquela ocasião não estava sendo emitido na data mais adequada, e havia a necessidade de encurtar esse prazo, para dar oportunidade de uma melhor análise das informações”, esclarece Andrade.

Em todo o desenvolvimento dos trabalhos, houve e há a preocupação com as pessoas envolvidas: funcionários, voluntários, paciente e familiares, com gestão de recursos financeiros e materiais.

Há uma apresentação completa dos trabalhos desenvolvidos na gestão da Casa Ronald McDonalds, pela equipe liderada pelo Adm. Carlos Roberto Fernandes de Araujo, composta por membros do CRA-RJ e de outras Instituições. Acesse e confira como você também pode contribuir com esse trabalho.

 

Casa Ronald McDonald

A Casa Ronald McDonald, na Tijuca, não foi fundada com este nome, nem faz parte da famosa rede de fast food. Criada em 5 de dezembro 1992, ela começou como Associação de Apoio à Criança com Neoplasia no Rio de Janeiro (AACN-RJ), tendo como objetivo principal assistir às famílias, durante tratamentos contra o câncer infantil no Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Sonia Cardoso Novais Neves, presidente voluntária da Instituição, explica que a história da Casa começou quando seu filho foi diagnosticado com câncer. Tamanha foi a batalha contra a doença, que eles chegaram a ir aos Estados Unidos para realizar vários procedimentos.

“Meu filho não sobreviveu, mas nós continuamos lutando por outros, trabalhando no Inca. Foi lá que a gente viu a necessidade de ter uma casa para atender essas crianças que moram longe, que precisam estar no hospital diariamente para algum procedimento. Às vezes, elas não tinham necessidade de internação e acabavam usando o leito daqueles que mais precisavam”, conta a presidente.

Conforme ainda explica Sonia Neves, havia restado uma parte do dinheiro arrecado para seu filho ir aos EUA se tratar e foi com aquele recurso que eles decidiram fundar a Associação de Apoio à Criança com Neoplasia. O primeiro objetivo era criar um espaço para atender pelo menos cinco famílias.

Em um determinado período, houve a campanha do McDia Feliz, cuja renda arrecadada iria para o Inca, e os voluntários da ainda AACN-RJ se mobilizaram em uma das lojas do McDonalds, onde conseguiram um ótimo resultado, o que chamou a atenção da presidência da empresa. Depois de um tempo de conversas e acertos a Instituição passou a ser a primeira Casa Ronald McDonald da América Latina, em 24 de outubro de 1994.

“Existem muitas pessoas que ainda acham que somos mantidos pelo McDonalds. E a gente tem sempre que contar a história de como é essa parceria. Eles nos ajudam apenas no McDia Feliz e também trazem alguns fornecedores, que nos apoiam. Mas a gente não sobrevive apenas com essa doação do McDia. É importante estarmos juntos, mas precisamos trabalhar como qualquer outra instituição, correr atrás, buscar eventos e membros contribuintes para conseguir manter a qualidade dos serviços que nós oferecemos”, esclarece Sonia Neves.

Os interessados em conhecer a Casa Ronald McDonalds do Rio de Janeiro, fazer doações ou se tornar um voluntário podem acessar o site da Instituição.