Por Érika dos Anjos|
O desfile das agremiações pela Marquês de Sapucaí, além de ser o maior Carnaval do mundo, também foi campeão no recolhimento de resíduos recicláveis em uma ação de grande porte da Comlurb, comandada pelo Tecnol. Edison Sanromã, conselheiro do CRA-RJ e coordenador de coleta seletiva da companhia.
No Sambódromo, desde a pré-limpeza ao Desfile das Campeãs, o total recolhido chegou a 480,2 toneladas de resíduos, sendo 432,8 toneladas de resíduos orgânicos e 47,4 toneladas de materiais potencialmente recicláveis.
De acordo com Sanromã, desde o planejamento até a execução do projeto, foi preciso muita dedicação de todos, dos gestores aos garis, passando pelos catadores.
“Esse primeiro ano foi um piloto para testarmos estratégias. Levamos alguns garis de outras áreas, além da coleta seletiva, que foram fundamentais para o desenvolvimento do dia a dia. Tínhamos também gestores, assim como eu, rodando ali no Sambódromo para identificar onde existiam falhas, onde poderia ser melhor, se de fato precisava de mais mão de obra. Com isso, constatamos que se a gente tiver mais pessoas trabalhando e equipamentos para recolher mais reciclados, esse número aumenta, e muito”, salientou o conselheiro, prometendo ainda que para 2024 o projeto será ainda mais robusto e, principalmente, irá gerar ainda mais benefícios às cooperativas que tiram do resíduo reciclável seu sustento:
“Nosso trabalho serve para fomentar a geração de renda dentro das cooperativas na cidade do Rio de Janeiro. Se a gente não tivesse feito essa ação, seriam toneladas que não teriam ido para cooperativas e gerado renda. O resíduo é renda, a gente precisa olhar diferente para o resíduo. Lógico que falar em toneladas impressiona, mas o principal é que a gente consiga gerar renda dentro das cooperativas. Lembrando que as cooperativas emitem nota fiscal, o que gera benefícios para o município também. Esse ano foi o marco zero, foi um sucesso e, no próximo ano, vamos mostrar toda força da coleta seletiva no Sambódromo”, garantiu.
Antes do Desfile das Campeãs, a turma da coleta seletiva da Comlurb participou de um arrasou na Passarela do Samba com catadores vinculados às cooperativas credenciadas.
O desfile foi uma iniciativa da Secretaria de Estado de Ambiente e Sustentabilidade (Seas), que coordena o trabalho de recolhimento de latinhas durante no Sambódromo. O gari Renato Sorriso atuou como Mestre-Sala e algumas garis se revezaram na função de Porta-Bandeira, com bandeira feita pela equipe de criação da Comlurb (que ilustra a foto principal desta matéria) e confeccionada por integrantes do Bloco Vagalume o Verde. 
Para o futuro, o Tecnol. Edison Sanromã explica que há vários projetos sobre coleta seletiva em andamento, principalmente no que tange à educação da população e a comunicação com todos. Também haverá a implementação do Selo Azul, destinado aos condomínios.
“Nós vamos fazer com que os síndicos tenham acesso a diversas informações e dar o devido suporte, criando um canal direto dos síndicos com a Comlurb, facilitando a implantação da coleta seletiva. Atingindo esse objetivo, pode ter certeza de que as coisas vão mudar porque nossa ideia é mudar no Rio de Janeiro. Além disso, temos conversado muito com o Estado e isso tem mostrado que a gente pode e deve caminhar em conjunto para que projetos aqui do município possam se expandir. Temos um só um planeta, não tem plano B”, afirmou Sanromã.
Guinness Book
Ainda durante o trabalho no Sambódromo, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), em conjunto com a Seas e outras entidades, dentro do projeto Cada Lata Conta, coletou, separou e destinou quase 7 toneladas de latinhas de alumínio para a reciclagem. Com isso, entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes, com a maior ação de reciclagem de latas de alumínio do mundo.
Em 2021, 98,7% das latas comercializadas em todo Brasil foram reutilizadas, o maior volume da história.
Números finais
Ao todo, de acordo com a Assessoria de Comunicação da Comlurb, a megaoperação de limpeza do Carnaval 2023 somou 1.236,5 toneladas de resíduos removidos (em 2020, último carnaval antes da pandemia, foram 709 toneladas). As equipes do Lixo Zero também estiveram nas ruas. Desde o início do pré-carnaval até o dia 26/02 foram emitidas 1.130 multas, sendo 314 por descarte de pequenos resíduos nas ruas, como: latas de bebidas, copos e garrafas descartáveis, guimbas de cigarro e embalagens de lanches, com multa no valor de R$ 273,09, 816 por pessoas urinando em via pública, com multa no valor de R$ 748,21, e outras 12 em artigos variados da Lei de Limpeza Urbana.
