Por Comunicação CRA-RJ|

No dia 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data que simboliza a força e importância da mão de obra feminina, que luta diariamente por um mundo cada vez mais justo e igualitário, tanto no mercado de trabalho como no cotidiano da sociedade. A data comemorativa foi oficializada pela Organização das Nações Unidas em 1970. 

O Dia Internacional da Mulher existe como resultado da luta das mulheres através de manifestações, greves e comitês. Essa mobilização política, no decorrer do século XX, deu um significado para o 8 de março como um momento de reflexão e de luta. A ideia de uma celebração internacional dedicada às mulheres surgiu em 1910, como uma proposta da dirigente socialista alemã Clara Zetkin. Porém, a data só foi escolhida depois de 8 de março de 1917, quando um grupo de mulheres realizou uma manifestação em Petrogrado (atual São Petersburgo), na Rússia. Elas pediam melhores condições de vida e a retirada do país da Primeira Guerra Mundial. 

Mulheres no mercado de trabalho: Desafios e avanços

Em meio a diversas conquistas com a importante data comemorativa no dia 08 de março, no mercado de trabalho, os desafios e obstáculos enfrentados pelas mulheres ainda persistem, sobretudo com as desigualdades de oportunidades e remuneração se comparadas às dos homens. Segundo dados da segunda edição da pesquisa “Estatísticas de Gênero e Indicadores sociais das mulheres no Brasil”, do IBGE, a taxa de participação feminina na força de trabalho, no que tange à população economicamente ativa, é de 54,5%, enquanto a dos homens chega a 73,7%. Quando se trata de mulheres negras, o número ainda cai para 53,5%. Dos 75 milhões de lares no país, 50,8% são liderados por mulheres.

Quando se debate a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, um dos principais assuntos tratados é a diferença salarial, ainda muito presente na sociedade. Um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos revelou que o rendimento médio mensal das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é 21% menor do que o dos homens – R$ 3.305 para eles e R$ 2.909 para elas. Nos serviços domésticos, por exemplo, as trabalhadoras ocupam cerca de 91% das vagas, e o salário é 20% mais baixo do que o dos homens.

No mundo corporativo, o preconceito e a desigualdade de tratamento dados às mulheres são notórios. Um dos grandes dilemas enfrentados pelas profissionais é a questão da maternidade, o que é representado por dados do IBGE, com a queda do nível de ocupação de 67,2% para 54,6% quando a mulher possui criança(s). Além disso, nas corporações, sejam elas de quaisquer tamanhos, o crescimento no número de mulheres em postos de liderança ainda acontece de maneira lenta e gradual, em que pese bons avanços. No ano de 2020, somente 37,4% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres, mesmo essas sendo maioria na sociedade brasileira. 

Outro dilema enfrentado pela força feminina no mercado de trabalho é a dupla jornada, em que mulheres, além dos afazeres e compromissos profissionais, ainda são as responsáveis pelo cuidado e as tarefas domésticas. De acordo com os dados do IBGE, no ano de 2021, as mulheres dedicavam 20,7 horas semanais a cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos. O número sobe para 22 horas semanais quando se trata exclusivamente de mulheres negras. Enquanto isso, os homens dedicavam apenas 16,5 horas por semana. 

“São as nossas organizações que discriminam o negro, a mulher. No ritmo que as mulheres estão ascendendo socialmente nas funções organizacionais, não vamos levar menos de 150 anos, tamanha a lentidão com que esse processo se faz. Uma tecnologia orbital e uma lenta incorporação e inclusão do negro, da mulher, do deficiente físico, das diferenças de orientações sexuais, do idoso, são as organizações que discriminam em seu cotidiano essas pessoas. Por termos uma tecnologia de ponta, achamos que vivemos o maior avanço que a sociedade mundial já conseguiu, isto não é verdade”, afirma o Adm. Wagner Siqueira, presidente do CRA-RJ.

Entretanto, mesmo com os dados em relação ao mercado de trabalho, as mulheres despontam na frente em qualificação profissional. Segundo dados do IBGE, elas são a maioria das pessoas com ensino superior completo no país. Na população entre 25 e 34 anos, há a maior diferença entre homens e mulheres – 25,1% para elas e 18,3% para eles. Nos cursos da área de  Administração e Negócios, as mulheres representam cerca de 53% do total de matriculados. 

Além da força feminina nos bancos de graduação, as mulheres também se destacam quando o assunto é empreendedorismo no país, como mostra o estudo “Mulheres Empreendedoras e Seus Negócios 2022”, conduzido pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora. Entre os principais destaques, o levantamento demonstrou que 60% das empreendedoras se declaram negras, a maior parte é formada por mulheres casadas, 50% pertencem à classe C e 34% pertencem às classes A e B. Além disso, segundo a análise, 28% das empreendedoras possuem Ensino Superior ou mais e 7 em cada 10 mulheres possuem filhos.

Em meio a esses avanços, mesmo com obstáculos no percurso, e a crescente participação feminina no mercado de trabalho, o CRA-RJ busca cada vez mais propor ações e iniciativas de apoio à luta das profissionais de Administração. Dentre suas ações, o órgão é signatário do Pacto Global da ONU, no qual está inserida a Agenda 2030, composta pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Uma das ODS, a de número 5, tem por objetivo alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. 

O Conselho parabeniza todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher!