No cotidiano das organizações chega a ser cansativo o quanto se fala em equipes.

Na prática,   elas funcionam como tal?

Você poderá ser tentado a responder: “Não, não sou parte de uma equipe porque as pessoas que se reportam a um mesmo chefe nunca estão reunidas. Em verdade, somos um punhado de indivíduos, não uma equipe”.

Quase sempre se toma esta questão como óbvia demais para ser respondida e, até mesmo, desnecessária a sua consideração. A pergunta é: sou parte de uma equipe?

E, se sou, de que equipe? Quais são as outras partes?

Digamos que você tenha um problema para resolver com o seu líder e que ambos cheguem a uma solução. Neste caso, você não é membro de uma equipe maior, se a solução encontrada pode ser implementada apenas por você mesmo e se os outros subordinados ao seu líder não precisam ter conhecimento dela. Se o seu trabalho transcorre da maneira descrita, há apenas duas pessoas envolvidas: você e o seu líder.

E você, assim, integra uma equipe de dois, uma díade, constituída por você e seu líder.

Você também é parte de uma equipe quando, ao levar um problema para seu líder, recebe dele qualquer das seguintes observações:

a) Deixe-me primeiro verificar isso com o beltrano;

b) Está certo, mas coordene seu trabalho com o sicrano;

c) Não se preocupe com isto, o Zé da Silva já está cuidando disso;

d) Está bem, mas fale com o sicrano e o beltrano para que eles fiquem também a par do que está acontecendo.

Se a tomada de decisões envolve quaisquer destes tipos de observações, então você participa de uma equipe maior, não mais uma equipe de dois, já que estão plenamente envolvidos seu chefe, você e vários colegas. O que você faz está interligado em algum ponto com o que outros fazem, o que os faz interdependentes naquilo que realizam conjuntamente.

É possível também que o seu líder não faça quaisquer das observações acima mencionadas. Isto significará que você não faça parte de uma equipe? Não necessariamente.

Você, seu chefe e outros colegas podem pertencer a uma mesma equipe, mas o trabalho conjunto de vocês pode ser tão falho ou deficiente que os impede de possuírem sentido e espírito de grupo tão necessários à formação de uma equipe. Neste caso, por certo você deveria pertencer a uma equipe, mas tal efetivamente não acontece. Impõe-se em casos assim, sem sombra de dúvidas, efetivamente formá-la, juntar os cacos, constituir um novo percurso de trabalho em comum.

Você também é parte de uma equipe se o seu líder disser: “faça isto, mas não diga nada a ninguém até que tudo tenha se consumado, pois se souberem disso com antecedência vão tentar impedi-lo”. Quando tal acontece, os integrantes de uma equipe estão trabalhando contra ela, e há uma luta intestina de cada um deles entre si, em vez de estarem se apoiando reciprocamente uns nos outros na busca da consecução de resultados.

Neste caso, você integra uma equipe esfacelada pela dissensão e a controvérsia, que atua na cooperação antagônica.

Há outra forma de participação de trabalho em equipe da qual você possa, talvez, nem se dar conta dela. Esta se dá quando você age de alguma forma e, em consequência, os demais membros ficam automaticamente capacitados a agir; ou, pelo fato de você já ter agido, os colegas ficam dispensados de fazê-lo. Isto se dá tão naturalmente que nem você nem os demais se dão conta em que extensão o esforço de alguém ajuda o de outra pessoa. Mesmo que você não o perceba, também se constitui num excelente trabalho em equipe, que se desenrola de forma natural e espontânea.

Estas situações se configuram na dimensão mais intrinsecamente específica do trabalho em equipe. Tais contextos de trabalho possuem tamanho significado para a eficácia de cada um e de todos em sinergia que você e os demais nem percebem que atuam em conjunto em atividades cooperativas de colaboração.

Adm. Wagner Siqueira
CRA-RJ nº 01-02903-7
Presidente