Por Josué Amador
O 29º Encontro de Professores e Coordenadores de Cursos de Administração (Eprocad), promovido peloConselhoRegional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ), discutiu os temas “O Futuro do Ensino, da Pesquisa e da Extensão no Brasil” e “O Futuro da Administração no Brasil”. O primeiro painel contou com apresentações dos professores Adm. Paulo César Teixeira (Grupo Lusófona Brasil), Alcides Guarino (Unirio) e Elaine Torres (Uerj), sob a mediação do Adm. Antônio Andrade, vice-presidente de Educação, Estudos e Pesquisa do CRA-RJ. Já o segundo painel foi apresentado pelo professor Paulo Emílio (UFF) e Adm. Luiz Augusto Costa Leite, consultor organizacional, mediados pela Adm. Mara Biasi, conselheira do CRA-RJ.
O presidente do CRA-RJ, Adm. Wallace Vieira foi o responsável pela abertura do evento e, ao término das apresentações, fez as considerações sobre o que foi debatido. Ele destacou a relevância dos temas, chamando a atenção para o engajamento de todos os agentes ligados à Administração profissional, uma vez que a responsabilidade de disseminar as melhores práticas de gestão não é apenas do Conselho, mas também de seus pares.
“Tenho certeza de que esse evento continuará na cabeça de cada um que participou. Foi maravilhoso e, sob o ponto de vista de sua missão e objetivos, foi amplamente conquistado. Ele mexe com a cabeça de nossos colegas e também com a própria instituição, isso que é importante, e às vezes, um evento como esse ratifica muito as coisas que estamos fazendo também”, disse o presidente.
A apresentações permearam propostas e questionamentos sobre a forma de se ensinar Administração no Brasil, realizando um comparativo com os modelos mundiais, obsolescência do corpo docente de muitas universidades, idiossincrasias institucionais, corte de investimentos em pesquisas, entre outras vertentes.
O evento teve transmissão ao vivo, e está disponível na CRA-RJ Play, na Rádio ADM RJ e no Facebook do Conselho.
O Futuro do Ensino, da Pesquisa e da Extensão no Brasil
“O que a gente [professor] tem que fazer é dialogar um com o outro […] fazer um planejamento estratégico de 10 a 15 anos e ver quais são as áreas prioritárias que precisamos desenvolver nas universidades, tanto na extensão quanto na pesquisa. Inclusive, na reformulação dos nossos cursos, porque há cursos serão obsoletos. Então, seria Educação 4.0 e também um movimento de novas metodologias ensino. Mas é muito difícil pegar um professor mais antigo colocar no banco para estudar, aprender metodologias ativas e ser empreendedor. Isso é difícil. Fazer com que o professor volte para o banco de aluno e que aprenda a aprender. O problema é esse, de a gente sair do nosso pedestal e ver que a gente não é o dono da verdade”, Elaine Torres, professora da Uerj.
“Na minha concepção, é muito fácil [adaptar a grade curricular], mas ainda precisa desse start. Hoje, o desafio das Universidades é justamente se fazer uma interlocução entre o saber e o mercado de trabalho, por isso que a extensão é fundamental. Eu já não reconheço a extensão como o primo pobre, muito pelo contrário, [..] pra mim, ela é o futuro do fomento dos cursos de graduação. Porque, mesmo que você tenha uma universidade que vise o lucro, o ensino não é para dar muito lucro, porque se ele sair caro você não terá o aluno para pagar aquele curso, que ele está se propondo a fazer. Então, você tem que ter um atrativo […] que no meu entender passa muito pela formação que ele vai ter”, Alcides Guarino, professor da Unirio.
“Temos em torno de 2,5 mil instituições de ensino altamente reguladas, temos uma Constituição que fala sobre nosso tema [no Eprocad], temos um Plano Nacional de Educação que […], lamentavelmente, a maioria absoluta das metas está longe de ser alcançada, […] tanto na educação básica, quanto na educação superior. Isso é um monitoramento que o Inep disponibiliza, é só vocês entrem lá e acompanhar […]. Esse é o presente, na minha colocação. Olhando o futuro, aí, vamos sair um pouco do Brasil […] existem várias estimativas mas, em média, elas indicam que hoje seis, em cada 10 estudantes, estão aprendendo profissões que serão substituídas por máquinas inteligentes em 10 ou 15 anos e nós estamos discutindo extensão e currículo”, Adm. Paulo Teixeira, reitor do Grupo Lusófona Brasil.
O Futuro da Administração no Brasil
“As organizações têm que ser cada vez mais adaptativas, não tem como deixar de se adaptar e de correr atrás. […]. Se você não estiver inovando constantemente, você vai ser superado pelo mercado ou coisa parecida. Então, isso leva as organizações a terem estratégias mais efêmeras. […]. O que significa que os ciclos de vida dos processos, de modelos de gestão, etc. são mais curtos. Se não for adaptativa, você não consegue, se não inovar, pior ainda. Para isso, internamente, as organizações têm que ser mais flexíveis. Aquele modelo clássico, da estrutura piramidal que todo mundo fala, esse modelo ainda resistente, é um modelo falido. Nas organizações de hoje, a visão tem que ser menos estruturalista e mais organicistas”, Adm. Luiz Augusto Costa Leite, consultor organizacional.
“E como se nesses instantes [de disruptura] não nos servisse mais o passado e o futuro fosse mais desconhecido e até ameaçador. Porque dentro daquela ideia linear, e o nosso pensamento é muito linear, de projetar segundo uma tendência, nós ficamos meio sem piso para essa projeção. É o momento que nós vivemos, daí que o exercício de pensar sobre ele requer alguma imaginação, muito conhecimento da história, porque apesar de ser algo que passou é a que temos, é a experiência que levamos, é o que nos contém e onde nós estamos contidos também, e pensar o futuro”, Paulo Emílio, professor da UFF.