Por Josué Amador |
A Logística, um dos setores fundamentais na movimentação da economia mundial, também tem sido afetada diretamente pela pandemia do coronavírus (Covid-19). A gravidade da situação está no fato de que armazenagem, estoque e transporte de insumos, movimentação e alocação de pessoas, para a produção de bens de consumo, passam por ela. Depois de terminados os produtos, todo este processo é repetido até que cheguem ao consumidor final. Além, disso o tráfego de pessoas em geral também foi afetado drasticamente, com o fechamento de limites, divisas e fronteiras territoriais.
O coordenador da Comissão Especial de Logística do CRA-RJ, Adm. Hélio Meirim, destaca que em um mundo globalizado nada mais acontece de forma isolada por completo e que, ‘como estamos falando em mercados globais e em cadeias que possuem elos interligados, quaisquer alterações ou rompimento em um dos elos afeta todos os demais’. Mas ele chama atenção também para a logística pessoal, na qual cada cidadão precisa atuar de forma responsável e consciente para não prejudicar ainda mais a situação de outros indivíduos face ao momento vivido.
“Tenho acompanhado o esforço de diversos segmentos para evitar o desabastecimento de produtos destinados à saúde, alimentos e itens de primeira necessidade. Mas vale destacar que cada um de nós também é um elo desta cadeia e, por isso, precisamos estar conscientes de nossa responsabilidade neste momento. Quando você faz super estoques está buscando resolver o seu problema, mas pode estar gerando problemas (desabastecimento) para outras pessoas que não possuem as mesmas possibilidades financeiras que você”, disse Meirim.
Ele ainda considera de grande importância repensar as relações entre produtores e fornecedores, realizando verdadeiras parcerias para sobrevivência e bem-estar de todos a longo prazo, muitos setores vão precisar rever seus processos na cadeia produtiva, pois os efeitos do pós-coronavírus ainda são incalculáveis.
“Em termos operacionais, entender quais as formas seguras (para as pessoas) de manter as operações rodando, podendo desconcentrar horários de recebimento, produção e expedição. Trabalhar de forma colaborativa e integrada com fornecedores parceiros e clientes também será de grande valia neste momento”, defendeu.
Confira abaixo respostas à algumas perguntas feitas ao coordenador da Comissão Especial de Logística o CRA-RJ, Adm. Hélio Meirim.
CRA-RJ: Como o novo coronavírus (Covid-19) afeta as operações logísticas? (Armazenagem, Estoque, Transportes de produtos e de pessoas).
Adm. Hélio Meirim: O Covid19 está afetando o mundo inteiro. As necessidades de interrupção da transmissão do vírus trazem novas condutas pessoais e comerciais e, para o bem de nossa saúde e daqueles que nos cercam, precisamos estar atentos às orientações dos órgãos competentes.
Globalmente, as cadeias de suprimentos estão sendo impactadas. E, como estamos falando em mercados globais e em cadeias, que possuem elos interligados, quaisquer alterações ou rompimento em um dos elos afeta todos os demais e, por conseguinte, a cadeia como um todo.
É um momento de união. Em pensar no todo. Colaboração é a palavra-chave. Tenho acompanhado o esforço de diversos segmentos para evitar o desabastecimento de produtos destinados à saúde, alimentos e itens de primeira necessidade.
Mas vale destacar que cada um de nós também é um elo desta cadeia e, por isso, precisamos estar conscientes de nossa responsabilidade neste momento. Quando você faz super estoques está buscando resolver o seu problema, mas pode estar gerando problemas (desabastecimento) para outras pessoas que não possuem as mesmas possibilidades financeiras que você.
CRA-RJ: Quais as melhores práticas que podem/devem ser adotadas para prevenir a propagação do vírus, por meio das operações logísticas?
Adm. Hélio Meirim: O foco é cuidar da saúde e da vida das pessoas. As recomendações são as mesmas amplamente informadas para a sociedade de uma forma geral. Evitar aglomerações (muitas pessoas juntas nas operações), higienizar mãos e equipamentos de movimentação.
Em termos operacionais, entender quais as formas seguras (para as pessoas) de manter as operações rodando, podendo desconcentrar horários de recebimento, produção e expedição. Trabalhar de forma colaborativa e integrada com fornecedores parceiros e clientes também será de grande valia neste momento.
CRA-RJ: É preciso ter uma atenção especial com a logística internacional? Por quê?
Adm. Hélio Meirim: Sim. As restrições de movimentação de pessoas e cargas, que estamos acompanhando, farão com que os fluxos de indivíduos e produtos sejam limitados. Isto irá ocasionar alterações nos modelos de produção e comercialização de produtos que demandam operações internacionais.
CRA-RJ: Quais setores podem ser mais afetados?
Adm. Hélio Meirim: Penso que todos os setores acabarão sendo impactados. Alguns mais fortemente do que outros. Com o desaquecimento do consumo de alguns produtos, empresas precisarão redefinir seus planos de venda para os próximos meses/anos.
Nos setores relacionados à saúde, poderemos ter uma necessidade de produção maior do que o previsto e, neste caso, as empresas precisarão entender qual a melhor forma de atender a esta nova demanda não prevista. Setores que têm seus negócios baseados em exportações serão impactados. Os que precisam de insumos importados também precisarão repensar seus modelos de negócio.
Os setores com atuação relacionada ao turismo (empresas aéreas, hotéis, restaurantes, entre outros) também precisarão repensar como se adequar a este momento e, aos momentos subsequentes.