Por Érika dos Anjos – Jornalista
Profissionais mulheres que atuam na área da Administração ganham até 38% a menos do que os homens com o mesmo cargo. É o que aponta pesquisa divulgada no Dia Internacional da Mulheres (8 de março) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revelou ainda que eles receberam, em média, 20,5% a mais em 2018.
O CRA-RJ analisou três vertentes de profissionais da Administração que foram objeto da pesquisa:
– Dirigentes superiores da Administração Pública – 36,9% são mulheres, que recebem 3,3% a menos do que os homens;
– Dirigentes de Recursos Humanos – 57,3% são mulheres, mas, mesmo em maioria, recebem 20,4% a menos;
– Diretores Gerais e Gerentes Gerais – Apenas 24,7% são mulheres, que recebem 38% a menos do que os homens com o mesmo cargo.
Ainda de acordo com a pesquisa, em 2018, o rendimento médio das mulheres ocupadas com entre 25 e 49 anos de idade (R$ 2.050) equivalia a 79,5% do recebido pelos homens (R$ 2.579) nesse mesmo grupo etário. Outro ponto analisado é que a participação das mulheres no grupo de diretores e gerentes era de 41,8% e seu rendimento médio (R$ 4.435) correspondia a 71,3% do recebido pelos homens (R$ 6.216). Já entre os profissionais das ciências e intelectuais, as mulheres tinham participação majoritária (63%) mas recebiam 64,8% do rendimento dos homens.
A boa notícia é que o nível de instrução da população ocupada aumentou nos últimos anos. Em 2012, 13,1% dos homens ocupados tinham o Ensino Superior, passando para 18,4% em 2018. Entre as mulheres essa estimativa foi de 16,5% (2012) para 22,8%.
Para a Adm. Elizabeth Bastos, vice-presidente de Planejamento e Desenvolvimento Institucional do CRA-RJ, a equiparação de salários e a geração de condições igualitárias no mercado de trabalho formal requer políticas públicas variadas, mudanças culturais e a participação de toda a sociedade.
“A mudança cultural levará longos anos e poderá ser acelerada se trabalharmos arduamente e não fecharmos os olhos a temas como: maternidade, assédio sexual e moral ou violência contra a mulher. Por meio dos subsistemas de Recursos Humanos, as mulheres em posição de comando também devem propiciar às suas equipes a participação em treinamentos, campanhas e outras ações com o objetivo de estimular a mudança comportamental. Estratégias organizacionais devem ser discutidas para valorizar a mulher no contexto profissional, sem demérito da participação masculina”, afirma a Administradora.
Pacto Global
O Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro é, desde 2012, signatário do Pacto Global da Organização das Nações Unidas que tem como um de seus princípios universais a eliminação da discriminação no emprego, inclusive no que tange ao gênero. E esta é uma das frentes de ação prioritárias para as estratégias da iniciativa Rede Brasil, em 2019 e 2020, nivelando a agenda ao mesmo patamar do combate às mudanças do clima e do engajamento dos jovens com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A estratégia do Pacto Global, liderado pela CEO e diretora-executiva Lise Kingo, reconhece um panorama real enfrentado pelas mulheres no setor privado: são sub-representadas em cargos de decisão, recebem salários desiguais pelo mesmo trabalho – lacuna que chega a uma média de 30% de diferença – e estão em desvantagem com homens em relação a oportunidades no mercado. Apenas 14% dos cargos de liderança das 500 maiores empresas do Brasil são ocupadas por mulheres.
Nesse sentido, o Conselho tem investido bastante com debates presenciais e com transmissão pela Rádio ADM e pela CRA-RJ Play, além de diversas discussões no âmbito da Comissão Especial da Mulher Administradora, que foi a primeira com este tema em todo Sistema CFA/CRAs).
“Os dados e opiniões divulgados pelo CRA-RJ representam um caminho para repensarmos os direitos da mulher no mercado de trabalho”, sinalizou a Adm. Elizabeth Bastos, salientando ainda que o mercado de trabalho é amplo e irrestrito nos mais diversos campos da Administração (finanças, logística, RH, Marketing etc.) e a profissional da área dispõe de opções para investir em sua formação, seja nos cursos presenciais ou a distância. No entanto, o equilíbrio e a redução da multiplicidade dos papéis da mulher são vitais em todas as instâncias.
“Essa equiparação é imprescindível para que ela obtenha o êxito necessário no desempenho das atribuições profissionais. O papel de cuidadora do lar ainda é visto como uma exclusividade feminina, quando de fato, deveria ser de toda a família. Essa consciência tem sido desenvolvida, mas ainda precisa ser repensada. Quem é o provedor da família? Quem é o responsável? Não existe um modelo único e sim o que satisfaz às necessidades do grupo envolvido”, ressaltou a vice-presidente.
Conheça toda a pesquisa divulgada pelo IBGE clicando aqui.