O agronegócio representa cerca de 24% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O que pode passar despercebido é que cerca de 60% das funções de lideranças em propriedades rurais, pequenas e grandes, são exercidas por mulheres, de acordo com dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS). Em dados não oficiais, esse número pode subir para 80%.
De acordo com o crescimento do setor, a necessidade de gestão profissional aumenta a passos largos e se mostra como importante oportunidade de atuação da mulher Administradora também. Para Andreza Winckler Colatto, diretora da Secretaria de Inclusão Social e Produtiva (MDS e Agrário), é inegável a importante participação feminina no agronegócio, pois ‘elas já lideram o Agronegócio, tanto no setor da plantação, quanto da colheita, da industrialização e exportação’. Para maior eficiência nos trabalhos, a tecnologia tem auxiliado muito as produtoras rurais, inclusive com a gestão.
“O cenário tem mudado. Antigamente, se pensava no agronegócio apenas como alguém com a enxada na mão, na pequena propriedade. Hoje, nós sabemos que o agronegócio integra tecnologias, produção e estudos. Temos até faculdades já voltadas para esse setor, aplicativos que controlam o gado e a produtividade em geral. O setor vem crescendo cada vez mais e a gente sabe que a agricultura movimenta o país”, disse a diretora.
Andreza Winckler Colatto também destaca que, na agricultura, as mulheres criam suas propriedades, administram as dos maridos ou herdam dos pais. Elas almejam bons resultados e batalham pela qualidade daquilo que é produzido. Por isso, o sucesso e forte presença feminina no agronegócio e tem alta expectativa de expansão.
“Eu acredito que o agronegócio focado na mulher não tem fronteiras. […] Eu faço parte de um grupo chamado AgroMulher, que tem mulheres de todos os ramos dentro da área rural, das Mulheres Empreendedoras do Brasil e também de um programa que ainda será lançado pelo Governo Federal, que se chama Mulheres do Brasil. Eles têm feito muitos encontros mostrando as potencialidades das mulheres, o que é muito bom para todas”, defendeu.
Andreza Winckler Colatto também ressaltou que as mulheres conseguem gerenciar a casa, ajudar a cuidar da família e ainda trabalhar em novas áreas. Ela também deixa claro que esta busca pelo agronegócio feminino não tem sido feita de forma aleatória, já que a procura por cursos de capacitação, profissionalização e especialização tem aumentado, cada vez mais.
Desigualdade de gênero ainda é um problema no agronegócio
Apesar de todos os avanços sociais que têm sido percebidos nas últimas décadas, no que tange à igualdade de gêneros, ainda há muitas questões a serem equiparadas entre homens e mulheres. Andreza Winckler expõe que ‘infelizmente, essa questão do sexismo, o machismo ainda é forte em alguns pontos, mas já está bem melhor do que antigamente’.
Ela explica que os homens mostram mais segurança no lugar que ocupam, pois não precisam apresentar, explicar muito seus argumentos ou defender seus conhecimentos na gestão do estabelecimento. Já as mulheres têm dificuldades quando dizem ou pedem algo, pois não são muito levadas em consideração. Essa diferença de oportunidades entre homens e mulheres, que gera barreiras na ascensão profissional feminina, é percebida pela maioria das mulheres.
Para mudar a percepção da sociedade quanto a mulher no agronegócio, Andreza Winckler aconselha que as elas aprimorem os conhecimentos na área e consolidem a participação nesse mercado. A diretora ainda recomendou que as interessadas em se informar mais sobre mulheres no agronegócio acessem o portal da AgroMulher. Também na CRA-RJ Play e na Rádio ADM-RJ, há uma entrevista sobre este tema, com Andreza Winckler e a Adm. Yara Rezina, coordenadora da Comissão Especial da Mulher Administradora do CRA-RJ.