A Petrobras elaborou um Plano de Cargos e Remunerações (PCR) que pode anular benefícios conquistados pelos petroleiros em acordos coletivos ao longo dos anos. A medida provocaria desvios de funções e acúmulo de registros profissionais, além de maior sucateamento da estatal, conforme declarações do diretor do Sindipetro – RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros Luiz Mario Nogueira Dias. O PCR tem caráter de inclusão individual e voluntária, e Dias chama atenção para os problemas atrelados a ele.
Em reunião com os Administradores Wagner Siqueira, presidente do Conselho Federal de Administração; e Leocir Dal Pai, presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro, Dias solicitou apoio na conscientização da classe que representa, para que nenhum dos petroleiros assine o acordo proposto pela empresa. Ele explicou que um dos malefícios dessa medida é a desestruturação dos concursos públicos e a sobrecarga dos profissionais já concursados, realocando funcionários com múltiplas graduações em qualquer tempo, local e função.
“Pode ser que a pessoa para se manter ‘segura’ precise pagar cinco Conselhos Profissionais, porque tem cinco diplomas. Eles não garantem que o funcionário ficará dois meses em um lugar ou três meses em outro, e nem naquela base territorial. Nada é garantido. Você ainda pode gerar uma penalização psicológica para esses profissionais, porque ora ele é uma coisa e logo outra. O PCR apresentado também prevê situações trabalhistas perversas para o trabalhador, tanto no nível técnico, que ficará em uma carreira só, quanto no Superior que ficará em todas as áreas de terceiro grau”, explicou Dias.
Ele usa o exemplo de que um concursado para atuar como Administrador, mas que também tenha formação em Engenharia Civil, poderá ser designado a atuar como engenheiro. Mas até que que cancele o registro no CRA-RJ e se registre no CREA-RJ, por exemplo, poderá voltar a função anterior, logo os processos podem entrar em um loop infinito. Ele ainda estará exposto a sanções e multas dos Conselho por possível exercício ilegal da profissão. Além disso, os que aceitam a proposta perdem todos os benefícios, planos de carreira e salários dantes conquistados, conforme explicou o diretor do Sindipetro – RJ.
Luiz Mario Nogueira Dias ainda acredita que outro objetivo da Petrobras é o de cansar os que aceitarem o acordo até que peçam demissão da empresa, devido ao desgaste psicológico, intelectual e físico fora dos padrões sadios, até que se enxugue o quadro de funcionários.