Por Érika dos Anjos|

Atuar através de home office tornou-se a realidade de milhões de profissionais em todo Brasil e no mundo, devido ao isolamento social imposto pela pandemia de Coronavírus. No entanto, nem os colaboradores nem as próprias organizações estavam preparados para lidar com o teletrabalho, que vinha em uma tímida expansão, mas ainda não era plenamente aceito na maioria das áreas.

Para a Tecnóloga Patrícia Arvellos, especialista em Recursos Humanos e conselheira do CRA-RJ, esse crescimento lento se dava por questões de recursos físicos e tecnológicos da implantação e adoção deste tipo de trabalho; além de dificuldades sociais.

“Existem as questões culturais de que deve haver um cumprimento da jornada fixa de trabalho, sem o entendimento que as tarefas e os projetos podem ser desenvolvidos de outras formas, dentro de um horário flexível, e até de forma mais criativa e produtiva. Tanto que, a nossa legislação só regulamentou o home office com a reforma trabalhista em 2017”, afirmou a especialista, que garantiu ainda que é preciso ter objetivos definidos para manter a produtividade em alta no teletrabalho, como manter o foco, anotar suas tarefas diárias e tentar atuar como se estivesse na sua rotina normal.

“Nos primeiros dias sempre é mais difícil, mas a realização dessas tarefas, o famoso “ dia cheio” nos ajudará a manter o equilíbrio e o dia transcorrerá de forma mais amena e rápida. Temos que levar em conta, que além de mantermos a saúde física com o isolamento social nessa quarentena, temos que cuidar de nossa saúde mental, então não se culpe se parar por 5 minutos e der uma alongada. E, após fechar seu dia, realizar as atividades que lhe dão prazer, relaxar o estresse causado pelos fatores externos que fogem ao controle”, salientou.

O profissional de RH

Não são só os colaboradores que precisam se adaptar à nova rotina, o profissional de RH também deve se preparar para atuar de forma online. Medidas como encarar as mudanças de forma rápida, se adequando facilmente, além de aprender a utilizar e explorar ainda mais todas as ferramentas tecnológicas são vitais para esse desenvolvimento.

Para a Tecnol. Patrícia Arvellos, a maior dificuldade será cuidar da saúde dos profissionais, quanto à postura durante a jornada, para evitarmos as doenças profissionais.

“Dentro da organização temos as observações in loco, remotamente essa tarefa se torna mais difícil. É preciso realizar palestras rápidas sobre o tema, enviar mensagens utilizando a intranet. Lembrando sempre das normas de ergonomia e cuidados com sua saúde. Criar um canal direto utilizando as ferramentas de tecnologia para que o colaborador possa falar com o RH de forma remota, sempre que tiver dúvidas, sugestões, é sempre uma boa saída. É preciso sempre estudar as melhores práticas que se adequam a cultura da nossa organização”, definiu.

Pós-crise

Tecnol. Patrícia Arvellos

Apesar do home office ser a tendência atual, e com certeza ficará de forma efetiva e mais presente no mercado de trabalho, a atividade ainda precisa ser revista e pautada na legislação para evitar futuro passivo trabalhista, além de ser necessário observar as questões inerentes à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Arvellos afirma que é necessário um redesenho das estruturas organizacionais já existentes. No momento do isolamento social foi a solução para o problema com a utilização dos recursos existentes e migração extremamente rápida, mas será preciso rever.

“Pós-pandemia é necessário fazer um estudo orçamentário de todo o investimento em volta dessa modalidade para averiguar se o custo x benefício compensará. Antes de alterar os contratos de trabalho para essa modalidade, uma avaliação detalhada dessa ferramenta e recursos utilizados será vital. E cada empresa reagirá de uma forma diferente, dentro das suas necessidades, pois temos segmentos que precisam de atendimento ao público de forma presencial. Mas, acredito que de um modo geral, a nossa cultura mudará em relação ao teletrabalho, que será muito mais praticado e aceito pelos empresários”, ressaltou a Tecnol. Patrícia Arvellos.

Gestão Pública

No mesmo viés de adaptação ao home office, o Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, realizado pela Alerj e ao qual o CRA-RJ faz parte, promoveu um painel sobre a “Avaliação do Impacto Econômico do novo coronavírus no Estado do RJ – Desafios do Teletrabalho na Gestão Pública”.

Adm. Fernanda Tauil

No evento foram discutidos temas como a necessidade importa aos servidores de utilizar ferramentas tecnológicas que não se utilizavam antes da pandemia;  o desafio de líderes e gestores para manter-se conectados com a equipe, a fim de estimular os funcionários que estão inseguros pela difícil adaptação; segurança dos dados da empresa, que devem ser vigiados para que a organização não fique em risco; além da necessidade de preparação para novas práticas, mentalidades, processos e solução que virão no pós-pandemia.

“No painel, buscamos levar em consideração que há diferença entre os servidores, cada um vivendo realidades diferentes e que a busca do desenvolvimento profissional será um grande aliado para manter a integração e qualidade dos trabalhos”, garantiu a Adm. Fernanda Tauil, conselheira do CRA-RJ e que representou a instituição no evento.