Por Érika dos Anjos|
Ontem, o governo do Rio de Janeiro decretou epidemia de dengue no território fluminense, devido aos quase 50 mil casos este ano da doença no estado, 20 vezes acima do esperado, com quatro mortes confirmadas. Os números de 2024 já representam 96% de todos os casos registrados em 2023. Além da preocupação sanitária, esses números também influenciam diretamente as organizações e o mercado de trabalho.
Considerando que o tempo médio de afastamento médico nos casos de dengue é de 5 dias, pode ser definido que há um prejuízo médio de 23% no mês para os empregadores, levando em conta tanto os dias não trabalhados como a remuneração paga, mas não produtiva. Para o coordenador da Comissão Especial de Recursos Humanos, Adm. Wagner Salles, também é preciso levar em conta outros fatores dentro das empresas.
“Este número pode ser elevado se considerarmos ainda a baixa produtividade no período dos sintomas do trabalhador, mas sem licença médica ainda, além de outros custos como horas extras ou contratos intermitentes para compensar o trabalho obrigatório por outros funcionários na cobertura do funcionário afastado. Já nos
Os principais sintomas da dengue. Foto: Arte/EBC
setores do comércio e de serviços, outros impactos podem ser registrados na medida em que o atendimento ao cliente é afetado pelas ausências dos trabalhadores com dengue, o que diminui a quantidade de atendimentos, eleva o tempo de atendimento e, consequentemente, pode afetar negativamente o número de vendas, acumulando outros prejuízos”, salientou Salles.
Para mitigar esses efeitos e enfrentar o cenário adverso, convém que os gestores de diversas áreas se organizem com base em algumas estratégias, conforme enumera o coordenador da comissão:
– É preciso manter um controle orçamentário rigoroso, optando por cortar custos administrativos não essenciais para compensar a remuneração paga ao trabalhador afastado, que não retornou a produtividade esperada no período da licença. Dessa forma, equilibra-se o planejamento financeiro enquanto durar a epidemia;
– Não insistir na presença do trabalhador com sintomas, pois isso pode esticar o período de afastamento médico pelo agravamento da doença devido ao esforço no trabalho. O trabalhador necessita buscar o quanto antes um atendimento médico, pois isso minimiza o tempo perdido de sua produtividade no trabalho e, consequentemente, minimiza os prejuízos na saúde e prejuízos econômicos;
– Manter um planejamento de atividades essenciais de todos os cargos na empresa e um mapa de cobertura de atividades por cargos de mesma natureza. Assim, na ausência de um ou mais trabalhadores, é possível identificar e agir rapidamente para manter as atividades essenciais redistribuídas sem exigir demais dos demais funcionários que permanecem trabalhando, bem como minimizando a demanda de horas extras;
– Manter um alerta quanto ao desvio de função, observando detidamente que tipos de atividades do funcionário afastado podem ser feitas por cargos de mesma natureza. Do contrário, o empregador pode gerar um risco trabalhista.
Outras ações
No caso de um funcionário ou colaborador ser diagnosticado com dengue, além das estratégias acima e da questão legal, os gestores também têm um importante papel de conscientização, empatia, respeito e responsabilidade dentro das organizações. Dentre as ações que podem ser realizadas estão: informar os outros funcionários sobre o caso de dengue, ajudando na sensibilização de todos; implementar ou reforçar medidas preventivas dentro e ao redor do local de trabalho para reduzir o risco de propagação da doença; além de, dependendo da gravidade da doença e do impacto emocional no trabalhador, oferecer apoio psicológico para lidar com o estresse e a ansiedade associados à doença.