Por Josué Amador |
O turismo nacional e internacional tem sido um dos setores mais afetados com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A atuação do profissional da Administração ligado a esse campo de atuação está sendo fundamental para manutenção dos agentes ligados ao setor, bem como na sua posterior recuperação.
Em entrevista com o coordenador da Comissão Especial de Gestão em Turismo, Adm. Julio Loureiro, ficou clara a necessidade da visão sistêmica e estratégica para médio e longo prazo. De acordo com o Administrador, é preciso zelar pela saúde de turistas e nativos para que no futuro todos possam ganhar com a atividade turística. No momento, é necessário entender a recessão, uma vez que todo o mundo está sofrendo os efeitos da pandemia.
Na intenção de diminuir os prejuízos e perdas de vidas humanas e bens materiais, algumas precauções devem ser adotadas, segundo Loureiro, além das já determinadas pelas autoridades competentes nas esferas municipal, estadual e federal.
“Muitas ações já estão sendo tomadas, tais como reforçar a questão da higiene, limpeza e cuidados com a saúde, treinamentos e conscientização com a equipe são sempre bem-vindas em situações adversas. Criar alertas e comunicados com informações sobre prevenção, promover revezamento da área administrativa e, se possível, colocar em home-office os colegas que estiverem em funções que permitam o trabalho remoto, gestantes e empregados com mais de 60 anos, zerar bancos de horas e conceder férias para quem as tiver direito são outras opções possíveis. O momento é de união de todos”, disse Loureiro.
O Administrador ainda se mostrou confiante quanto a melhorias no cenário atual, pois ‘sempre haverá uma saída, seja frente ao Covid-19 ou outra doença que apareça. Essa não será a última crise que os gestores precisarão enfrentar’, destacou. Confira abaixo a conversa completa como o Adm. Julio Loureiro, coordenador da Comissão Especial de Gestão em Turismo do CRA-RJ.
CRA-RJ: Quais são os principais impactos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no turismo brasileiro?
Adm. Julio Loureiro: Ainda é cedo para dimensionar os reais impactos que estão sendo e serão causados pela pandemia, pois o setor do turismo é muito sensível quanto à procura de destinos em função de uma situação como esta. Lembrando que o mundo [todo] sofre com isso também.
A tendência é que, nos próximos dias, mais e mais voos e reservas sejam cancelados ao redor do mundo, bem como [tenha] uma redução substancial no consumo em bares, restaurantes e afins.
CRA-RJ: Quais ações devem ser tomadas pelos gestores de turismo para mitigar os impactos nos negócios que representam?
Adm. Julio Loureiro: Muitas ações já estão sendo tomadas, tais como reforçar a questão da higiene, limpeza e cuidados com a saúde. Treinamentos e conscientização com a equipe são sempre benvindas em situações adversas. Criar alertas e comunicados com informações sobre prevenção, promover revezamento da área administrativa e, se possível, colocar em home-office os colegas que estiverem em funções que permitam o trabalho remoto, gestantes e empregados com mais de 60 anos, zerar bancos de horas e conceder férias para quem tiver direito são outras opções possíveis. O momento é de união de todos.
CRA-RJ: Quais cuidados devem ser tomados para que os pontos turísticos não se tornem propagadores do coronavírus (Covid-19)?
Adm. Julio Loureiro: Os acessos e facilidades como corrimões, alças, maçanetas, torneiras e guarda-corpos devem ser higienizados em ciclos curtos de forma segura para quem o faz, a colocação de dispensadores de álcool gel e fixação de cartazes incentivando o uso são medidas que ajudam a conter a contaminação.
CRA-RJ: Quais setores ligados ao turismo são afetados? (Companhias aéreas, casas de câmbio, hotéis, restaurantes, etc.). Como sobreviver?
Adm. Julio Loureiro: As empresas aéreas serão fortemente afetadas num primeiro momento, mas bares e restaurantes serão também em função das medidas de restrição de circulação que serão tomadas daqui para a frente. As empresas aéreas poderão tomar as mesmas ações listadas anteriormente, no sentido de mitigar os impactos e proteger seus empregados e clientes.
Já existem movimentos por parte das esferas de poder público no sentido de flexibilizar e postergar o pagamento de certos tributos, bem como de conceder linhas de crédito para apoiar as empresas em situação mais delicada. Todavia o momento é de esforço conjunto, as medidas devem ser pensadas no longo prazo e não apenas no curto, nosso setor possui uma retomada lenta, face às adversidades como essas que estamos atravessando.
CRA-RJ: Como os setores público e privado podem agir em conjunto para não deixar o turismo ruir de forma catastrófica? Existe saída frente ao novo coronavírus (Covid-19)?
Adm. Julio Loureiro: A ação integrada já vem sendo discutida e debatida, trata-se de um momento de união de esforços. Sabe-se que haverá uma redução no volume de transações, mas por outro lado os poderes públicos são conhecedores da necessidade de apoio e proteção.
Passada a crise, ações que incentivem a retomada do turismo interno deverão ser valorizadas, assim como o trabalho que havia sido iniciado de reforçar a marca do nosso estado e país para os turistas externos.
Sempre haverá uma saída, seja frente ao Covid-19 ou outra doença que apareça. Essa não será a última crise que os gestores precisarão enfrentar. No caso em tela, trata-se de uma crise de saúde, diferente das crises financeiras com ciclos cada vez menores. Por ser algo novo, sem delimitação dos contornos concretos que apontem para uma possível saída no curto e médio prazo, acaba trazendo certa dose de incerteza quanto às medidas necessárias. Todavia, a observação de como os gestores lidam com casos análogos em outras partes do mundo (tem muita gente pensando sobre o mesmo assunto), aplicação da ferramenta benchmarking e adoção de uma postura mais empática são potencialmente relevantes no quadro ora exposto.
As medidas de prevenção, principalmente com os empregados e clientes serão determinantes na manutenção da reputação, valores e crenças das empresas.