Por Gabriel dos Anjos e Bismark Alves
Sob supervisão de Tiberius Drumond|
Nos dias 13 e 14 de julho, quinta e sexta-feira, aconteceu, na Casa do Administrador, sede do CRA-RJ, o 1º Simpósio de Administração e Perícia Judicial. Realizado de modo híbrido, o evento reuniu especialistas de diversas áreas em palestras, mesas redondas e debates sobre a área de atuação, que é um campo aberto para capacitação e empregabilidade de profissionais de Administração.
A abertura do 1º Simpósio de Administração e Perícia Judicial ficou por conta dos presidentes do CRA-RJ, Adm. Wagner Siqueira, e da APJERJ, Dr. José Heriberto Costa. Em seu discurso, o presidente do Conselho ressaltou as relevantes contribuições que os profissionais de Administração podem oferecer para o sistema judiciário brasileiro. A fala foi corroborada pelo presidente da Associação dos Peritos Judiciais do Estado do Rio de Janeiro.
“É uma contribuição muito relevante que a profissão precisa ofertar cada vez mais ao sistema brasileiro judiciário como coadjuvante importante nos processos judiciais. Este passo nós temos feito e temos muitos colegas que participam da Associação dos Peritos Judiciais aqui como Administradores e tem dado uma contribuição relevante. É um grupo importante e qualificado da nossa profissão, mas restrito a poucas áreas”, ressaltou o Adm. Wagner Siqueira.
“O perito judicial ‘morre’ estudando. A cada processo é um desafio, ele tem que sentar, estudar, aprender e essa aprendizagem tem que ser contínua, ninguém pode esmorecer no exercício dessa atividade. Que tenhamos o segundo simpósio ano que vem, e que nesse intervalo do primeiro para o segundo, sejam colocados eventos ligados à perícia, pois alguns Administradores não conhecem a área”, completou o Dr. José Heriberto Costa.
O Administrador inserido na Perícia Judicial
Intitulada “O Administrador inserido na Perícia Judicial”, a primeira palestra do Simpósio foi ministrada pelo Adm. Pedro Schubert, Perito Judicial. O Administrador, com ampla experiência na área, enfatizou a importância do registro profissional para a atuação como Perito Judicial, sobretudo da 2017, com portaria do CFA a respeito da atuação dos profissionais de Administração nesse campo de trabalho.
“Nós tivemos em 2017, com a portaria do Conselho Federal de Administração, uma série de reuniões em Brasília e essa portaria definia uma comissão que foi um estopim para espalhar o interesse
da perícia judicial para todos os conselhos regionais. O reflexo é o aumento da procura que se dá até hoje. Esse encontro aqui decorre desta portaria de 2017, que em boa hora criou essa comissão”, explicou o Adm. Pedro Schubert.
A Qualificação do Profissional de Administração
A primeira mesa-redonda do Simpósio de Administração e Perícia Judicial, com a participação dos Administradores José Carlos Freitas, Administrador Judicial, e Gilberto Braga, Diretor da APJERJ, debateu a “A Qualificação do Profissional de Administração” para atuação como Perito ou Administrador Judicial.
“A profissão do Administrador é uma das mais versáteis que tem. Hoje, mais do que nunca, o nosso país e as nossas empresas precisam de um Administrador, um gestor, uma pessoa que possa oferecer condições para que as companhias tenham uma performance adequada. Levando-se sempre em conta que uma empresa tem um caráter de responsabilidade social extremamente relevante. Através dela, cria-se empregos e condições para que as pessoas se desenvolvam, para que ela crie valor dentro da sociedade, onde ela atua, e também sua responsabilidade social como corporação”, ressaltou o Adm. José Carlos Freitas.
“Nós não estamos preparados para o insucesso, por isso é importante a gente entender qual é esse contexto da Administração Judicial e da Perícia Judicial. Porque os dois só se justificam se der errado, ninguém quer um Administrador Judicial, nomeado pela justiça, se o próprio gestor ou Administrador do seu negócio estiver obtendo lucros e muito bem sucedido na sua estratégia. Vocês precisam estar formados e preparados para lidar com as dificuldades. É preciso ter uma formação bastante sólida para trabalhar com aquilo que não é o lugar comum”, acrescentou o Adm. Gilberto Braga.
Administração Judicial no TJRJ
O Dr. Leonardo da Silva Sant’Anna, Instrutor da Escola de Administração Judiciária do TJRJ, ministrou a palestra “A Administração Judicial no TJRJ”.
“Como principais interesses envolvidos na recuperação judicial, a gente tem que lembrar o interesse monetário, mas também a
manutenção do seu emprego. Quando você tem essa venda, com a transmissão daquela parte boa da pessoa jurídica, às vezes é alienada em uma parte pública e comprada por um terceiro interessado, aquele trabalhador vai manter seu posto de trabalho. Um exemplo é que no pós-pandemia a gente passou a ter o fenômeno do ‘home office’, então aquelas salas de 200 metros quadrados, a equipe já não vai todo dia, às vezes uma vez no mês. Os espaços estão sendo devolvidos. Então estamos tendo certas mudanças”, destacou o Dr. Leonardo da Silva Sant’Anna.
Recuperação Judicial e Falência – A atuação do Administrador Judicial
A Recuperação Judicial também foi abordada durante o 1º Simpósio de Administração e Perícia Judicial. O Adm. Anderson Freire, Mediador e Consultor Empresarial, explanou sobre a participação dos profissionais de Administração nos processos de Recuperação Judicial, nos quais tem ampla experiência.
“O Administrador tem diversas áreas de atuação, apesar de uma lei regulamentada de quase 60 anos. Sempre tiveram recursos materiais para serem administrados, gestão de pessoas para serem realizadas, organização de logística de distribuição, que são todas as atribuições do Administrador. Sempre existiu a Administração, é um campo de atuação muito forte. Eu, como colega administrador, acredito que a gente tem que ser mais forte na solicitação e reivindicação das nossas áreas”, destacou o Administrador.
Recuperação Judicial e Falência – Casos Concretos
Administrador Judicial em casos de enorme repercussão, como das companhias OI e Americanas, o Dr. Bruno Rezende compartilhou suas experiências nos processos com os presentes no Simpósio.
“Torcemos pela transparência e efetividade empresarial e comercial. Como todos nós que estamos aqui somos muito preparados, essa soma de administradores profissionais só traz mecanismos
de eficiência, expertise, e excelência inclusive de controle de compliance de governança interna entre a própria equipe de Administração Judicial que leva uma excelência uníssona do trabalho. Isso é muito importante”, disse o Dr. Bruno Rezende.
Manual de Perícias
O Manual de Perícias do Conselho, que você pode ter acesso aqui, foi pauta de mesa-redonda com os Administradores Francisco de Jesus, Conselheiro Federal pelo RJ e Tomaz Aquino de Souza Barbosa, Diretor da APJERJ.
“Tivemos um orgulho de distribuir o manual para outras profissões, pedindo que lessem e dissessem para a gente se servia mesmo ou se tinha algo a mudar. Para nosso orgulho, foi unânime, todas as profissões que leram disseram que estava muito bom. Através da liderança do Adm. Wagner Siqueira, nós demos um bom passo”, destacou o Adm. Francisco de Jesus.
“É fundamental o registro no CRA, não dá para atuar sem o registro profissional, sem estar devidamente habilitado. E da mesma forma, a questão da especialização e da formação. A APJERJ tem o curso de formação de Perito Judicial, sem o qual o profissional não consegue nem o cadastro no tribunal. O objetivo do curso não é discutir ou trazer temas de conhecimento específico de cada área, cada um tem que buscar conhecer e aprofundar para atuar na área, mas, sim, o processo pericial em si para conhecer o passo a passo”, explicou o Adm. Tomaz Aquino de Souza Barbosa.
A Perícia Judicial e Extrajudicial
Perito Judicial e Professor Universitário, o Adm. Sérgio Correia Barbosa ministrou a palestra “A Perícia Judicial e Extrajudicial nos Cursos de Administração”.
“Em relação à OAB, qualquer instituição do MEC que vai em uma instituição de ensino superior tem o escritório de prática jurídica, por quê? Porque está contemplado nas diretrizes curriculares do MEC. Por que o curso de Administração não tem? Por que o curso de contabilidade não tem? É uma discussão que a gente tem que levar. Porque isso causa uma obrigatoriedade de investimento na instituição para essa capacitação do profissional que vai para o mercado de trabalho”, enfatizou o Adm. Sérgio Correia Barbosa.
A atividade de Perícia X Projetos Pedagógicos dos Cursos de Administração
A última mesa-redonda do evento debateu o tema “Perícia X Projetos Pedagógicos dos Cursos de Administração”, com Adm. Luiz Cezar Vasques , Conselheiro do CRA-RJ e
Professor Universitário e o Adm. Sérgio Correia Barbosa.
“O MEC decidiu que o currículo não pode mais ser aquela coisa engessada que o aluno entra e ele precisa se formar com aquele currículo. Permite até que durante o tempo, dificilmente o aluno
entra com um currículo e chega ao final do curso com o mesmo currículo, o que no passado era praticamente um direito garantido. A grande dificuldade para se construir um currículo, hoje, é que se tornou um produto que você leva quatro anos fabricando, no caso do curso de Administração. Quando o aluno entra, a demanda de mercado é uma e quando sai, ela é absolutamente diferente. A gente discute se essas profissões que a gente faz serão necessárias daqui a quatro anos”, concluiu o Adm. Luiz Cezar Vasques.
Em breve, você poderá assistir ao evento completo na CRA-RJ Play.
Confira as fotos do evento: