O isolamento social e a parada repentina da economia devido à pandemia de Covid-19 foram um duro baque para as pequenas e médias empresas brasileiras. Porém, com um bom trabalho de controle e gestão há saídas para chegar ao ‘novo normal’ com fôlego renovado e buscando voltar ao patamar antigo ou, melhor, crescer ainda mais.
Para o Adm. José Rezende, doutor em Ciências em Administração e membro da Comissão Especial de Governança Corporativa do CRA-RJ, a nova normalidade ainda é uma questão em aberto, mas que traz como característica principal a necessidade de comportamento prudencial.
“Vamos caminhar numa estrada na penumbra, ou mais ou menos naquele momento conhecido como lusco-fusco, onde sombra e luz se misturam e a visão fica distorcida. As novas condições de mercado trazem esse tipo de desafio, então é melhor ir com cautela para não confundir pontos fortes com pontos fracos, muito menos ameaças com oportunidades. Você precisa estruturar seus planos e seus controles para obter sua riqueza de volta”, analisou Rezende.
Neste momento de retomada, o ideal é voltar-se para o básico, para experiências de gestão que já mostraram ter sucesso e que poderão ser uma trajetória segura, sem atalhos ou ‘caminhos’ mais curtos que podem trazer novas surpresas. E a atuação do líder, como um ‘farol’ para a PME será essencial.
De acordo com Rezende, além das sinalizações do líder, existem alguns elementos de suporte à gestão nessa nova fase: caixa, contabilidade e linhas de defesa.
“Caixa, pois já ficou claro o quanto a falta de reserva disponível dentro da empresa consome rapidamente a saúde do negócio. O ideal é gradativamente reconstruir o caixa e formar uma reserva de três meses, tempo necessário para tomar decisões que evitem destruir riqueza; contabilidade, porque o empresário precisa ter domínio da história do próprio empreendimento; muito mais do que escrita, é a informação para tomada de decisão; e as linhas de defesa que são os mecanismos usados para fazer frente aos riscos. Toda empresa corre riscos. É preciso mapear e controlar questões críticas em compras, questões nas vendas, questões legais, ambientais, sociais, concorrenciais”, enumerou o Administrador.
Outros pontos destacados por Rezende são o controle e planejamento, que devem andar juntos para nessa nova fase da jornada.
“É preciso eleger um destino nesses dias de embaçamento. Identificar as prioridades serve para montar uma agenda de trabalho. Continuamos a ter que escolher no que agir: no urgente ou no importante. E a questão do com quem a viagem vai ser é uma decisão muito séria: remontar um time abalado pelos efeitos da pandemia pode ser o seu maior desafio. O líder mostra o caminho e faz a colagem, mas a equipe tem que ter capacidade e disposição para vencer os desafios”, salientou o Administrador, lembrando ainda que arranjos produtivos, parcerias e outras experiências de cooperação entre empresas são um caminho interessante, possivelmente menos acidentado.