Por Bismark Alves
Sob supervisão de Érika dos Anjos|
O Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro lançou mais uma edição do programa ‘Cenário RH’, realizado pela Comissão Especial de Recursos Humanos da instituição. Desta vez, o tema do programa foi ‘Violência doméstica: e as empresas com isso?’, e contou com as participações de Rejane Prevot, cientista social e professora; Elaine Barbosa da Silva, pesquisadora e diretora da Faetec; e do Adm. Wagner Salles, coordenador da Comissão. A edição já está disponível no nosso canal do Youtube.
O programa debateu o aumento da violência doméstica no Brasil e seu agravante para as próximas gerações, além de explicar o papel dos gestores e como as empresas podem se transformar sendo acolhedoras nos casos de violência doméstica. A pesquisadora e diretora da Faetec Elaine Barbosa da Silva destacou o impacto do problema na carreira das mulheres.
“A gente tem dados de pesquisas e vários estudos internacionais que apontam as perdas e os impactos para essas mulheres. Mesmo que ela não falte, vai ter uma perda de produtividade mas os estudos também trazem que existe, principalmente naquelas mulheres que sofrem agressão física, muito mais afastamentos, têm menos dias de trabalho em relação às outras e isso também gera impacto na sua produtividade. Elas têm uma média, em cada empresa, de um ano ou um ano e meio, sendo vítimas de violência doméstica. Então isso impacta na sua carreira”, explicou.
A professora Rejane Prevot falou sobre os relatos, compartilhados em grupos do facebook, de mulheres que haviam sido desligadas de suas empresas por sofrerem situações de violência doméstica e refletiu sobre o papel das empresas e gestão de pessoas sobre o assunto.
“A gente percebe que o espaço em que a mulher deveria ser acolhida e que ela deveria ser amparada, é um dos espaços institucionais que poderiam servir de apoio para essa mulher vitimada pela violência doméstica que acaba sendo um espaço também de ameaça, um espaço em que ela tem que se resguardar e se camuflar para não ser vista como uma vítima. Isso é uma situação que toca muito a nossa condição feminina quanto a nossa visão enquanto profissionais de recursos humanos, enquanto gestores. Onde a gestão de pessoas está falhando em não ter políticas específicas para acompanhar essas mulheres nas empresas?”, disse Rejane.
O coordenador da Comissão Especial de Recursos Humanos do CRA-RJ, Adm. Wagner Salles, reiterou que, em situações como a de violência doméstica, a questão social é o viés mais importante nas empresas do que a questão econômica.
“Eu não gosto de trazer muito a questão econômica porque parece que a gente simplesmente materializa toda essa questão. Mas não, o viés social é o protagonista dessa discussão. A gente não tem que discutir o tema nas empresas só porque vai doer no bolso de alguma forma, por absenteísmo, alta rotatividade, problemas de carreira, etc. Isso tem que ser discutido pelo papel social da empresa e a sua responsabilidade nessa questão que é interinstitucional”, expressou Wagner.
A edição do programa Cenário RH sobre ‘Violência doméstica nas organizações: e as empresas com isso?’ pode ser assistido na íntegra pelo canal do CRA-RJ no Youtube. Clique aqui e confira.