Pela estagiária Bárbara Gouvêa
Sob supervisão de Érika dos Anjos

No mundo dos negócios, o que não falta são ideias inovadoras para reduzir os impactos ambientais e estabelecer formas mais sustentáveis nas organizações. Uma delas é a “Economia Circular”, conceito estratégico que se assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, contrário ao processo produtivo linear. No processo circular, os resíduos são insumos para produção de novos produtos. Dessa forma, reduzindo consumo de recursos naturais, poupando energia e água e diminuindo o volume de lixo.

Estima-se que as medidas de prevenção dos resíduos, concessão ecológica, reutilização e outras ações “circulares” poderão gerar poupanças líquidas de cerca de 600 milhões de euros às empresas da União Europeia (cerca de 8% do total do seu volume de negócios anual), criando 170.000 empregos diretos no setor da gestão de resíduos e, ao mesmo tempo, viabilizando uma redução de 2% a 4% das emissões totais anuais de gases de efeito de estufa. Diante disso, o gestor pode ter um crescimento significativo, já que o pensamento sustentável acaba diretamente aplicado na organização.

“O primeiro erro é o ser humano olhar como sendo ‘o’ principal, acima de todos os seres vivos, pois já temos a comprovação de que não adianta, que não é assim. Você precisa respeitar os ecossistemas, a biodiversidade, o planeta. […] É importante que a gente se veja como eco, ou seja, eu sou parte de um sistema. Eu não sou dono do sistema, esse sistema não tem que me servir, já percebemos que esse tipo de pensamento está acabado”, disse o Adm. Francisco de Paulo Prado, especialista em Sustentabilidade e Gestão de Resíduos, durante palestra realizada no CRA-RJ. Ele ainda deixou claro que empresas sustentáveis que realizam reciclagem e sistemas “circulares” possuem um novo pensamento do mundo e buscam o crescimento econômico alinhado à sustentabilidade, o que possibilita interações benéficas entre os seres humanos e o planeta, com uma visão positiva de futuro.

Pacto Global

Dentre os 10 Princípios do Pacto Global das Organizações das Nações Unidas (ONU), ao qual o CRA-RJ é signatário desde 2012, está a questão do meio ambiente, em que as empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental; e incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis.

Nas últimas semanas, a empresa do mercado financeiro BlackRock, maior gestora de índices comercializados como ações (ou ETFs, Exchange Traded Funds, em inglês) do mundo, passou a considerar indicadores de sustentabilidade com os mesmos valores dos Princípios do Pacto Global na hora de divulgar informações sobre seus fundos de investimento. A companhia anunciou que seus ETFs serão apresentados ao mercado global com scores baseados no indicador ESG (Environmental, Social and Governance ou em português Meio Ambiente, Social e Governança), deixando um espaço cada vez menor às falsas promessas de sustentabilidade – atitude conhecida como greenwashing. A organização também tornará público dados que indicam se um determinado ativo está ligado a atividades consideradas ilegais ou não-sustentáveis. No final, já foram fornecidos dados a respeito de 253 dos 318 ETFs de mercados emergentes, o que significa de US$ 323 bilhões a US$ 375 bilhões em ativos. As informações são do Financial Times.

Lucro

Um estudo da Universidade de Harvard mostrou também que empresas sustentáveis geram mais lucro do que empresas não sustentáveis. Para verificar esse desempenho, a instituição estudou o setor, o porte e a estrutura de capital de cada uma delas, completando a análise com os resultados de uma pesquisa feita em bolsas de valores, analisando o desempenho obtido nos últimos 18 anos (entre 1992 e 2010).

O resultado foi o seguinte:

  • As 90 empresas de alta sustentabilidade apresentaram melhores taxas de retorno, num período de 18 anos;
  • O patrimônio de uma empresa de alta sustentabilidade valorizou 33 vezes em 18 anos; o de uma empresa de baixa sustentabilidade, 26 vezes;
  • O retorno de uma empresa de alta sustentabilidade em 2010 foi de 7 vezes o valor investido em 1992; o de uma empresa de baixa sustentabilidade foi de 3,5 vezes;
  • Analisando a evolução do valor das empresas ano a ano, também é possível verificar que, mesmo em momentos de queda nas bolsas, a desvalorização das empresas de alta sustentabilidade foi significativamente menor do que a das empresas de baixa sustentabilidade.

Confira mais sobre o assunto no site, CRA-RJ Play e Rádio ADM-RJ.