Por Érika dos Anjos|

A questão da volta às aulas no pós-pandemia já está sendo discutida há meses. As variáveis são muitas, além disso, a Administração da área está a cada dia mais complicada no Estado. Assim, no último dia 16, o Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro promoveu o evento “Gestão da Educação e volta às aulas no Rio de Janeiro” com a participação de importante especialistas educacionais para discutir esses e outros assuntos.

Na abertura, o presidente do CRA-RJ, Adm. Wallace Vieira, fez um levantamento dos últimos acontecimentos jurídicos que permeiam o assunto e falou sobre os efeitos do hiato nas escolas que serão sentidos por décadas.

“Como introdução ao nosso evento, pergunto aos nossos palestrantes se é o momento de retomada das aulas com protocolos rígidos de higiene? […] Como nós do mundo da Administração devemos nos perguntar se é puro caso de gestão. O nosso agravante não é a Covid, mas a baixa coordenação entre os órgãos de educação e saúde”, declarou Vieira.

A primeira palestra foi do Adm. Wagner Siqueira, diretor-geral licenciado da Universidade Corporativa do Administrador, afirmou que vivemos em uma sociedade do futuro, mas continuamos com os valores do passado, com soluções velhas e obsoletas para novos problemas, principalmente na área educacional e de saúde.

“Como diria Platão e Aristóteles, o homem ‘saiu da caverna’ pela capacidade de trabalhar em equipe, mas a educação ainda se centra fundamentalmente na competência apenas individual. […] A sociedade brasileira efetivamente é retardatária na concepção e dimensão política de privilegiar a educação como dimensão estratégica. Isso é histórico. E inibe a locação de esforços e recursos na educação”, salientou Siqueira.

Terezinha Saraiva, coordenadora-geral do projeto “Apostando no Futuro” da Fundação Cesgranrio, foi a segunda palestrante e lamentou que a educação brasileira baixou seu nível em todas as dimensões e por várias razões.

“Enquanto a educação não for considerada prioritária, não sairemos deste impasse. […] Os recursos sempre foram muito mal administrados, por isso, a importância de que o gestor da pasta seja também um bom Administrador para saber defender nos orçamentos o investimento na educação”, garantiu Saraiva, que já foi secretária municipal e estadual de Educação.

Por fim, o Adm. Roberto Boclin, avaliador institucional do MEC/Inep, afirmou que esta pandemia escancarou as diferenças sociais.

“A questão é que a realidade das escolas particulares é uma e das públicas é outra. […] Nas escolas públicas não há computador, muito menos nas casas. A escola particular está tendo aulas on-line, não presenciais, porém ela não substitui a presencial, pois na escola não há só sala de aula, há relacionamento, cultura, esporte, tudo isso faz parte da educação. O problema é muito mais sério”, definiu Boclin.

O evento completo está disponível na CRA-RJ Play. Para assistir, clique aqui.