Concurso Nacional Unificado: cursos preparatórios avaliam que parte dos conteúdos exigidos é inédita
Principais mudanças são sobre disciplinas e critérios de avaliação, que destoam do praticado pela banca nos últimos certames
Por Gustavo Silva — Rio de Janeiro
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Com o lançamento dos editais do Concurso Nacional Unificado, que visa ao preenchimento de 6.640 vagas em 21 órgãos, os representantes dos principais cursos preparatórios destacam que boa parte dos conteúdos exigidos é inédita. No momento, o maior desafio dos cursos é organizar os conteúdos menos aguardados que apareceram nos editais e montar novas aulas para os estudantes.
O novo modelo de seleção, inspirado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), permite que os participantes concorram a mais de um cargo dentro da mesma área escolhida. As inscrições ocorrerão no período de 19 de janeiro a 9 de fevereiro, e a prova está marcada para o dia 5 de maio.
Distribuição de vagas traz modelo novo
Uma das novidades é a divisão das vagas em oito blocos, sendo sete destinados a cargos de nível superior e um para o nível médio. Cada um desses grupos terá cinco eixos temáticos, nos quais estarão contidos os conteúdos e conhecimentos exigidos para a prova.
Por isso, os candidatos devem ficar atentos: cada órgão definiu pesos diferentes para cada eixo temático. Ou seja, mesmo que as vagas estejam todas agrupadas em um mesmo bloco, os conteúdos cobrados terão importâncias diferentes para cada cargo selecionado.
Ineditismo chama atenção
O conteúdo programático dos editais voltados ao nível superior surpreendeu pela ausência de matérias que tradicionalmente fazem parte do universo dos concursos, afirma o professor Marquinhos, do Gran Cursos:
— Foi uma surpresa ver que matérias como Língua Portuguesa, Informática, Inglês e Raciocínio Lógico ficarão de fora do certame.
Já para o bloco voltado exclusivamente aos cargos de nível médio, apareceram disciplinas não muito comuns nas provas da administração pública. A principal é a exigência de conhecimentos em realidade brasileira, que envolvem temas como políticas públicas, direitos humanos, diversidade, inclusão e meio ambiente, esclarece Victor Dalton, fundador do Direção Concursos.
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– Eu diria que o conteúdo programático do Concurso Nacional Unificado é radicalmente diferente do que vimos nos concursos realizados no país na última década. A parte de conhecimentos gerais é sem precedentes no universo dos concursos – opina.
Cobranças diferentes
Além das questões objetivas, serão cobradas questões discursivas.
Aos candidatos de nível superior, a depender do bloco, será exigida uma única questão discursiva. Na avaliação, a metade da nota será voltada para a análise do conteúdo e, a outra metade, para o uso da língua portuguesa.
Os concorrentes para as vagas de nível médio realizarão uma redação semelhante à do Enem, que exige um texto baseado no tema apresentado na hora da aplicação.
Banca não costuma cobrar conteúdos presentes nos editais do Concurso Unificado
Na avaliação dos especialistas consultados pelo EXTRA, os tópicos cobrados pela banca, a Cesgranrio, não são rotineiros nos outros editais organizados pela empresa.
A expectativa dos cursos era de que houvesse predominância de disciplinas de conhecimentos gerais, como Matemática, Direito Constitucional e Língua Estrangeira, explica Erick Alves, professor do EmÁudio.
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— O conteúdo programático, por ser bem diferente da expectativa, deixa os candidatos em par de igualdade, basicamente. Porque é raro ver questões que abordem esses temas e, por isso, essas disciplinas são pouco estudadas. O que está sendo cobrado destoa do que é tradicional da Cesgranrio — esclarece.
Questões específicas
A quatro meses da aplicação da prova, o principal foco dos estudantes deve ser nas matérias de conhecimento específico dos blocos, orienta Antônio Batista, professor universitário e especialista em concursos públicos:
— Os editais terão pesos diferentes às disciplinas e darão maior peso às específicas. Sem uma boa pontuação nos assuntos específicos, o candidato não terá a menor chance. Outra prioridade é a redação. É preciso estar com os conhecimentos de gramática em dia.
Verificação de documentos e titulações será crucial
Vale lembrar aos concurseiros que diversos cargos disponíveis no Concurso Nacional Unificado preveem, além da prova, uma fase de análise de títulos. Essa etapa será classificatória, somente. Portanto, nenhum candidato será desclassificado. Contudo, uma simples qualificação a mais pode significar milhares de posições acima ou abaixo na lista de aprovados.
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O presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro, Wagner Siqueira, acrescenta que os órgãos envolvidos no certame terão rigor no processo de verificação de documentos. Ele aconselha que os candidatos devem ter, em fácil acesso, os documentos que provem as titulações.