Acaba de ser divulgado o IPCA de fevereiro que ficou em 0, contra 0,45% no mesmo mês do ano passado. Se não fosse a redução bancada pelo governo nas taxas de energia elétrica, a inflação desse mês teria chegado a 1,0%.
O elevado índice de fevereiro, puxado pela alta de itens relacionados a educação e aluguéis, joga a inflação anualizada para a casa de 6,31%. Nos aproximamos perigosamente dos dois dígitos e ficamos portanto cada vez mais distantes daquela sonhada meta de 4,5%.
A pressão sobre o poder de compra faz com que os trabalhadores, aposentados e pensionistas recorram ao crédito e se endividem, gerando assim um preocupante ciclo vicioso. Empresas estão se precatando e elevando os custos de seus contratos, puxando assim toda uma cadeia produtiva.
O medo de perdas futuras acaba por gerar um comportamento de defesa, é a inflação psicológica, danosa e predadora porque defende os empresários daquele cenário que poderá acontecer, mas que ainda não se concretizou. O Banco Central dá sinais fracos de que poderá aumentar os juros e frear o consumo, mas de concreto não percebemos nenhuma ação do governo federal.
Enquanto isso, o sacrificado e indefeso trabalhador assistem a um drama que já teve contornos de tragédia na década de 80, aguardando a reversão desse quadro assustador que lhe corrói o poder aquisitivo.